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À BEIRA DO RIO CEIRA

Blogue iniciado pela autora, Clarisse Barata Sanches, a exímia poetisa de Góis, falecida a 25 de dezembro de 2018. Que permaneça intacto em sua homenagem.

À BEIRA DO RIO CEIRA

Blogue iniciado pela autora, Clarisse Barata Sanches, a exímia poetisa de Góis, falecida a 25 de dezembro de 2018. Que permaneça intacto em sua homenagem.

GRACITA AMIGA DAS CRIANÇAS

07.01.10, canticosdabeira

  GRACITA E OS PRIMOS

 

 

 

GRACITA

 

Como foi bela a nossa adolescência, principalmente as nossas férias aí passadas em Bordeiro ou até mesmo na tua casa!

Tu jamais poderás ser esquecida por nós, por todas as horas alegres que juntas passámos. Quantos sonhos em voz alta contigo sonhámos.

Quantos planos da nossa juventude ao meu lado foram planeados...

Tu, Gracita, eras uma prima com todas as letras e nós contigo contávamos em qualquer momento, bom ou mau, pois tínhamos a certeza de que, nunca nos cruzarias os braços se precisássemos da tua ajuda. Talvez por seres tão boa é que Deus te tirou deste mundo de ódio e de guerra,no qual as pessoas boas não podem ter lugar. Então, foi por isso que o Senhor te levou e escolheu o melhor para ti, para que no Céu possas servir como estavas aqui a servir o teu próximo de braços abertos e com muito amor, apesar de muitos não o merecerem.

 

Com um enorme beijo cheio de saudades das primas

Ana Leonor e Carla Cristina - Lisboa

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GRACITA

Em ti graça sempre havia/ Amiga com quem contar

Se lembro a tua alegria/ Logo começo a chorar.

 

 Maria José Alves (Zézita) - Góis

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 NA CASA DO PAI NOS HAVEMOS ENCONTRAR 

Oh Graça foste connosco/ A pé à Cova da Iria

Cumprindo as nossas promessas/ Com fé na Virgem Maria.

 

Tu com com fé e nós com fé/No meio da multidão

A Virgem Mãe encontrou/ Ali nosso coração.

 

Morreste na esperança/ Duma promessa cumprida,

E nós na esperança ficámos/ Da nossa também merecida.

 

Com amor e com glória/ Nos havemos de encontrar

Na Casa do nosso Pai/ Com nossa Mãe a rezar.

                                         

Que Deus te acompanhe no Reino do Ceu.

Singela homenagem de Jaime de Almeida e esposa- Val Moreiro-Góis 

 

Gracinha violetaJPG

 

INESQUECÍVEL GRACITA 

Estive contigo na manhã do  dia que partiste para Coimbra.

Sentada sobre a cama da tua avó, contaste que ias para ser operada ao braço. Querida Gracita, vivi o teu drama muito sentidamente e hoje conservo gravado na lembrança o teu angélico sorriso daquele momento.

No Reino do Amor e da Graça, para onde Deus te levou, lembra-te de nós, boa Gracita.

Com enorme saudade da amiga

  Maria Júlia Duarte Alves e família - Lisboa

      

TRISTE DOMINGO 

Domingo onze de Novembro de 1984. Recebemos em Góis uma notícia animadora. A Gracita tinha tomado um iogurte...

Após esta réstia de esperança, uma nova aterradora! Alguém do lado de lá da linha telefónica me dizia - O estado da sua sobrinha poderá ser irrecuperável....

Imagine-se como fiquei, recebendo esta comunicação directamente de um médico. Foi como me dessem um tiro...

Aterrorizada, e de olhos no Céu, lá vou a caminho da Igreja rogar com lágrimas a intercessão de Deus na Eucaristia, pelas melhoras da nossa menina, e todos os fieis ali reunidos se uniram a minha prece.

Fui depois como de costume visitar a senhora Zulmira, doente em sofrimento há alguns anos e pedi-lhe aflita e a seu marido sr. José Guerra que orassem pela Gracinha.

Vindo do Pé Salgado um carro parou junto de mim e a D. Celeste de Bordeiro, ofereceu-me transporte que aceitei para ir visitar a nossa doentinha a Coimbra.

Ao Mártir passava uma senhora que se dirigia ao culto Evangélico. Mandei parar o carro e pedi-lhe uma prece pela Graça Maria.

Chegados à Clínica de Santa Filomena, a Célia diz-me: - a tia agora não chore, que ela pode ouvir.

A sala de estar estava repleta de familiares e amigos. Todos de olhar penoso falavam em voz baixa. No quarto contíguo a minha querida menina debatia-se com a doença introduzida no seu cérebro. Fazia esforço para abrir os lindos olhos, mas não podia. Por vezes abria a boca muito e fazia um ruído forte a fechá-la, como querendo despertar de um longo sono.

Lembrei-me naquele momento da Sãozinha, mártir também da dor, que teve de deixar o mundo em 1940 apenas com dezassete anos de idade.  

Aproximava-se a noite e uma enfermeira veio dar-lhe o alimento por uma sonda aplicada no nariz. Que tormento!

Perante um aspecto comovente e tão grave da nossa Gracinha o sr. António F. Bandeira, de Bordeiro, dirigiu-se a mim nestes termos: Isto é que está aqui um trabalho!!!

Porque a não levaram à reanimação?

Porque durante aquelas horas todas, não apareceu ali um médico de serviço?

Porque o amparo médico se manifestava numa Clínica particular e neste caso grave, tão desinteressado?!

Confesso que saí dali muito impressionada e pesarosa, deixando a minha Gracinha, lutando só, assim se pode dizer, com o efeito nefasto duma operação simples a um braço, que se tornaria numa complicadíssima e malograda intervenção cirúrgica.

De medicina não entendo. Mas, se lhe foram feitas as análises necessárias, tantas radiografias, todos os exames precisos e nada fazia prever o insucesso, que foi então que falhou?

Se, efectivamente, houve erro clínico, negligência ou mesmo um acidente, prefiro não o recordar, porque já nada nos poderá levar a recuperar a nossa querida Graça.

Deus saberá recompensar a minha flor tão bela, pelo martírio que teve de passar, e encarregar-se-á de colocar um aviso na consciência dos responsáveis pelo drama que tornou infeliz uma família que até ali vivia tranquila e hoje sente a maior amargura no seu coração.

 

Clarisse Barata Sanches - Góis 

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PARA GRAÇA MARIA

De ser poeta tenho as minhas pretenções,

Prestando-te homenagem, escrevia poesias

Com amor e sinceridade... mas frias,

Porque amarrada ainda estou às convenções.

 

Só a verdade as almas bem conforta,

Queria eu ter uma maior certeza,

Como apreciarias a minha gentileza,

E voando até ao Astral, bati à tua porta.

 

Recebeste-me com deslumbrante sorriso!

A tua morada de Luz convida à alegria!

Jamais esquecerei aquele teu bom dia,

De quem vive em Paz no Paraíso!

 

Convidaste-me a uma sentida oração

Porque tu conquistaste, e eu quero conquistar a Luz;

Aquela que envolve o Céu e a Terra - É Jesus

Confirmando a Ressurreição!

 

José Moura Paula - Folques

 

 

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FLOR EM BOTÃO NA ETERNIDADE

Lembrando

A Graça Maria da Cunha Sanches a Graça Maria

 

     Graciosa e linda menina

        Risonha de fé e de amor,

          A Gracita era divina

             Com os seus anos em flor.

                Infeliz e sem maldade,

                   Teve triste fim e dor

                      Agora, em Góis na Saudade.

 

Anselmo dos Santos Ferreira

(Elmanso Beirão - Soure - 4/IV/1985

 

  A VIDA É COMO UM METEORO QUE PASSA NO TEMPO

 

A morte é sempre drama, porque é o fim de tudo. E uma fatalidade indeclinável que ninguém pode evitar.

E se é realmente dramático morrer, mesmo quando se é velho, o drama acaba por ser mais doloroso ainda quando se morre de novo e não se chega a conhecer a vida em toda a sua plenitude.

Mas a vida é como um meteoro que passa no tempo. E se a vida da Graça Maria pouco tempo lhe deu para conhecer, durante aquele estádio natural que a cada um pertenceria viver, a alegria e o gosto pela vida que lhe caberiam, também por outro lado, mal teve tempo para conhecer o lado mau que a vida sempre nos traz - o desánimo, a tristeza, a dor e o desespero, numa longa existência.

Que este seja o linitivo reconfortante para os ente queridos que a rodearam.

António Lopes Machado - Lisboa

                                        

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                              JUSTA HOMENAGEM

Dedicar um livrinho à Gracinha, é uma forma sentimental de continuar em constante pensamento com um ente tão querido que Deus a Si chamou na flor da vida. O seu sofrimento foi uma purificação, não se perdeu, porque Deus nunca desampara os que sofrem.

 

Alice Pimentel - Armamar 

 

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                                                   IV  e última Parte

 

 

 

 

            

 

 

 Gracita distraindo os sobrinhos Paulo e Catarina, de quem era muitíssima AMIGA

 

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EIS AGORA A TRANCRIÇÃO

             DO DRAMA EM ALGUNS JORNAIS

 

GRACINHA DO CORAÇÃO

             NÃO PODE ESQUECER-SE MAIS...

 

 

 

Senhor, vós fostes para nós refúgio de geração em geração.Os nossos anos dissipam-se como um suspiro. Memória eterna terá o justo. Salmos 90 - 1-9  - 112-6

 

 

 

G. Maria jpg

 

UMA FLOR VOOU PARA O CÉU

 

Oito de Novembro de 1984 a notícia correu célere por toda a vila e arredores, propagando-se, depois, por diversos pontos do País e até do estrangeiro o triste acontecimento foi conhecido e lamentado.

Filha extremecida do sr. Augusto B. Neves Sanches e de D. Deolinda Barata da Cunha, a menina Graça Maria sujeitara-se na véspera a uma simples intervenção cirúrgica ao braço direito. Os médicos, nesse dia, à tarde, sossegaram a mãe, dizendo-lhe: - tudo correu bem, ela desperta à meia noite...

Pela manhá a mana Célia telefonou da Clínica aos pais: - a Graça ainda não acordou.

Momentos de dor e de aflição para os pobres pais que abalam a correr para Coimbra a informarem-se do sucedido. Um exame especial revelou edema craniano. Estado gravíssimo, possivelmente devido a falta de oxigénio, quase no findar da operação!

Doze de Novembro, a jovem é transferida para Celes (Neurologia), onde continua em semi-coma. Apenas geme e chora de meter dó. Não sabemos se inconsciente ou não.

Tudo isto resultou de uma pequena queda que dera há anos perto de Tomar, em cujo hospital o braço não lhe fora ligado convenientemente. Ultimamente aquele membro deslocava-se pelo ombro frequentemente e os ortopedistas de Coimbra aconselharam operação, um dos quais a encaminhou para a Clínica onde viria a ser submetida à intervenção cirúrgica.

Tres meses de duro martírio, passaram os pais a irem diariamente a Coimbra visitar a sua querida filha, sem lhe notarem algo de melhoras. Muitos Amigos os rodearam ali de carinho, a confortá-los na sua inconsolável dor, mas os responsáveis pelo sucedido, esses nem uma palavra de conforto moral e cristão e  precisa explicação do triste facto.

Esgotados os recursos da medicina, para esta doença provocada, mesmo que involuntáriamente, toda a Comunidade Cristã eleva orações a Deus pelas suas melhoras. Até Sua Santidade João Paulo II implorou uma prece, enviando como consoladoras graças celestiais a Bênção Apostólica.

Também a menina Maria Vitória F. Nogueira, de Treixedo - Santa Comba Dão, vivendo sem braços e sem, pernas acompanhou-nos na dor, intercedendo pela nossa doente, com todo o amor do seu coração,

Mas os designíos de Deus são insondáveis e a nossa Gracinha não resistiu ao mal tamanho que lhe fez perecer as células vitais do seu cérebro. Após estes três meses de doloroso tormento para a menina e desolada família, sobe ao Céu uma das mais lindas e queridas flores criadas na vila de Góis, No hospital, chamavam-lhe uma "Santinha".

O seu funeral grandioso o testemunhou. A Terra compartilhou também com chuva de lágrimas a orvalhar as imensas flores que lhe foram oferecidas, e a juventude marcou bem a sua presença. Todos a queriam levar da Igreja até ao cemitério, Deus permita que nestes jovens frutifique o seu exemplo de virtudes com que ela perfumou a Terra.

Quem não se lembra do seu meigo sorriso a aviar o pão na Padaria do pai? "Gracita, dê-me pão branquinho. Gracita, gosto bem cozido!" A todos ela fazia a vontade, sempre com o seu modo de encanto. Alegre, e amiga para com as crianças, era simples como as flores do campo. Tinha sonhos? Com certeza. E quem os não tem aos 23 anos de idade?

Sonhos puros que o destino interrompeu e não deixou realizar.

Lavados em lágrimas de saudades, a doce imagem da nossa Gracinha jamais se desvanecerá da nossa memória. Encarrapitada na tangerineira, a colher tangerinas para levar e para nós, a trazer-nos no tempo o saquinho de morangos, a contar-nos com júbilo os seus projectos futuros, duma casa pequenina para ela e o seu Carlos, e ainda a falar com pena,perante os infelizes do mundo.

Gracita, o nosso coração está de luto profundo, e jamais sentiremos a satisfação que vivemos na Terra. No entanto, consola-nos saber que oferecemos ao Senhor um "bouquet de flores, e que foste para uma cidade maravilhosa, onde mais dia menos dia nos havemos de encontrar e louvar a Deus para sempre.

Desfirurados ainda pelo desgosto que nos avassala, termino com uma frase que mandámos gravar numa das coroas de cravos que te oferecemos: "Enquanto Deus não nos chamar, recordaremos sempre o teu sorriso de santa".

E por que eras boa, Jesus te quis para, contigo, alindar e valorizar

mais o Paraíso.

C.B.S.  de "A Comarca de Arganil," de 14 de Fevereiro de 1985.

 

MORTE DE UMA JOVEM GOIENSE

EM CONDIÇÕES ESTRANHAS

 

Faleceu a jovem Goiense Graça Maria Cunha Sanches, de 23 anos, filha do sr. Augusto das Nves Sanches e da Srª D. Deolinda Cunha Sanches, facto que causou o maior pesar nesta vila, embora o triste desenlace fosse há muito esperado.

A inditosa moça havia sido submetida a uma simples operação cirúrgica, numa clínica de Coimbra, há très meses. Anestesiada, porém, para o efeito, não voltou mais a recuperar os sentidos, permanecendo em coma decorrido todo este tempo.

A família da extinta pediu por tal facto a autópsia do corpo para que fique bem esclarecido este caso, que tem suscitado os mais variados comentários.

O funeral da finada realizou-se no último sábado, tendo constituído uma profunda manifestação de pesar, pois nele

se imcorporaram muitas centenas de pessoas.  

Do "Jornal de Arganil de 14 de Fevereiro de 1985              

 

NEGLIGÊNCIA MÉDICA?

 

Sete de Novembro de 1984, uma jovem de Gois, de nome Graça Maria da Cunha Sanches de 23 anos, submeteu-se a uma intervenção cirúrgica ao braço direito que, devido a uma queda que dera há anos perto deTomar, em cujo hospital não lhe fora ligado convenientemente, o membro deslocava-se, agora,  diversas vezes.

Por este motivo os ortopedistas de Coimbra, aconselharam a operação, um dos quais a encaminhou para a Clínica de Santa Filomena, Nessa tarde, o médico informou a mãe assim: -tudo correu bem, ela acorda a meia noita.

No dia seguinte de manhã a irmã gémea, que a acompanhava, telefona aos pais : - A Graça ainda não acordou. Momentos de dor e aflição para os pobres pais, que vão a correr para Coimbra a informarem-se do sucedido. Feito um exame especial, revela edema craneano. Estado gravíssimo, possivelmente devido à falta de oxigénio que fez perecer as células vitais do seu cérebro.

Não se tentando ali qualquer reanimação a menina é transferida dia 12 de Novembro para o hospital de Celas (Neurologia), onde pouco ou nada recuperou também. Apenas geme e chora, estado semi-coma, não sabemos se insconciente.

Durante três meses os desolados pais vão diariamente visitar a sua querida filha, sem lhe notarem algo de melhoras. Muitos amigos e boas almas a rodeiam ali de carinho a confortá-los na sua imensa dor. Mas da Clínica nem uma palavra de solidariedade e a precisa expliocação para o triste facto, ninguém a apresenta.

No hospital chamam-lhe "uma santinha" pelo muito que parecia sofrer. Perna infectada por injecção, maxilar fora do lugar uma semana, boca ferida, lesão pulmonar, membros paralizados, um horror!

Após três meses de duro martírio para a jovem  e desolada família, a menina não resiste mais, e Deus chama-a à sua presença na madrugada de 8 de Fevereiro.

Como a Graça Maria foi sempre uma moça saudável e entrou na "Casa de Saúde, esperançosa e cheia de vida para compor o seu bracinho, a família ainda hoje desconhece, concretamente, o que se passou na sala de operações.

Por este motivo requereu-se a autópsia ao corpo para que fiquem bem definidas as causas que motivaram este tristíssimo acontecimento.

O funeral grandioso, como não há memória aqui, bem comprovou a onda de revolta por este doloroso acidente, que o povo sentiu profundamente, vendo desaparecer uma jovem querida de Góis, na primavera da vida!!!

Clarisse Sanches - Góis (Suplemento do "Comércio do Porto", de 10 de Março de 1985.

 

 O TRISTE ADEUS DA NOSSA GRACINHA

 

Daqui a sete dias já cá estou, disse-nos a Gracita contente com o dinheirito que lhe demos na mão, no dia 5 de Novembro de 1984 pela manhã. Ia submeter-se a uma intervenção cirúrgica ao braço direito.

Resultou isto de uma pequena queda que dera há anos, agravada em 1983 na praia da Figueira da Foz, quando tomava banho e teve de ser socorrida no hospital daquela cidade.

Ultimamente, o braço deslocava-se frequentemente pelo ombro, pelo que os especialistas aconselharam operação, que seria fácil. Foi então que um ortopedista a encaminhou para a Clínica de Santa Filomena em Coimbra.

Depois do acto da intervenção, na tarde do dia 7 o médico sossegou a mãe dizendo-lhe: tudo bem, ela desperta à meia noite...

Pela madrugada seguinte a mana Célia, que estava com ela, telefona aos pais, aflita: - A Graça ainda não acordou! Que dor e aflição para os infelizes pais, que vão em grande velocidade para Coimbra a informarem-se do sucedido. Feito um electroencefalograma, revelou edema craneano. Estado muito grave. Lembrou, então, o pai uma conferência de especialistas, ideia que não foi aceite pelo neurologista da Clínica,

Não se tentando levá-la à reanimação, a menina dia 12 de Novembro, é transferida para Celas, onde pouco recupera já. Segundo algumas versões teria havido falta de oxigénio que lhe faria morrer as células principais do cérebro. Apenas gemia e chorava, não sabemos se inconsciente ou não.

No hospital chamavam-lhe uma "Santinha" pelo muito que parecia sofrer, perna infectada por uma injecção, maxilar fora do lugar uma semana, boca ferida, lesão pulmonar, problemas das vias urinárias, alimentação de sonda pelo nariz, membros paralizados. Um enorme horror!

Durante três meses, os desolados pais ali foram diariamente visitar a sua querida filha, sem lhe notarem algumas melhoras. Muitos amigos os  os rodeiam a confortá-los no seu desespero. Mas da Clínica não surge uma palavra de solidariedade humana  e o necessário argumento do triste facto ninguém o  esclarece.

Após 93 dias de duro martírio para a infeliz jovem e magoados pais, a menina não resiste mais, e Deus chama-a para Si na madrugada de 8 de Fevereiro.

Como a Graça Maria foi sempre uma moça saudável e entrou na "Casa de Saúde" esperançosa e feliz da vida para compor o seu bracinho a família requereu a autópsia para que fiquem bem visiveis as causas que originaram tão triste ocorrência.

O seu funeral constituiu grandiosa manifestação de pesar, notando-se uma onda de pena vibrante por este doloroso acidente que todos sentiram profundamente, vendo desaparecer, de maneira estranha e inesperada, uma jovem, querida de Góis, na primavera da vida!

Referindo-se a este triste caso, assim disse a distinta escritora e poetisa D. Salete Borges: - "Minha filha, meu jardim de esperanças, que nem chegaste a abrir em pleno, espalhando perfume da tua juventude!".

A nossa amiga D. Maria da Glória Dias Antunes, profectizou que uma multidão de Anjos a haviam de acompanhar até ao Paraíso! Outra amiga a D. Esmeralda Neves, escreveu-nos da Figueira da Foz, lembrando que no Céu se acendeu mais um luzeiro, com a chegada da nossa querida Gracita.

Graça Maria da Cunha Sanches que tinha 23 anos de idade era filha extremosa de Augusto Barata das Neves Sanches e de D. Deolinda Barata da Cunha, irmã gémea de Célia Maria da Cunha Sanches, irmã também de Fernando José da Cunha Sanches casada com D. Rosa Sanches Bandeira, residentes em Ceira, Coimbra, deixou toda a família contristada e na mais profunda dor.

Grande tristeza foi ainda para suas avós, tios e primos, Para a sua tia e madrinha Clarisse, estarás eternamente viva dentro do seu coração atormentado de saudades, porquanto nos parece ainda um sonho.

Que mundo enganador minha Gracinha! Quem nos devia dar as flores eras tu, e por fatal destino ou desígnos do Céu, fomos nós que te as oferecemos com lágrimas do mais sentido Adeus. 

À luz da Fé Cristã e de santas virtudes com que viveste entre nós, anima-nos confiar que estarás na Glória de Deus, a gozar as delícias daquelas que descem à campa com o cândido vestido branco de donzela.

Aproveitamos para agradecer muito profundamente a todas as pessoas amigas e muitas foram, que pessoalmente, por carta, cartões, telegramas, e telefonemas, nos acompanharam em tão angustiosos momentos.

C.B.S.

                De "O Varzeense" de Abril de 1985

 

                        

 

 

 

Esta linda formatação foi feita por gentileza do prezado Amigo Jorge Vicente, Director do jornal Fri-Luso um portugues, bem patriota a residir na Suíça, oferta em 8 de Março de 2010 dia Internacional da Mulher.

 A nossa Gracita de tudo é merecedora, pelos martírios que teve de passar. Que Deus a abençõe e a todos nós.

 C.B.S.

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