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À BEIRA DO RIO CEIRA

Blogue iniciado pela autora, Clarisse Barata Sanches, a exímia poetisa de Góis, falecida a 25 de dezembro de 2018. Que permaneça intacto em sua homenagem.

À BEIRA DO RIO CEIRA

Blogue iniciado pela autora, Clarisse Barata Sanches, a exímia poetisa de Góis, falecida a 25 de dezembro de 2018. Que permaneça intacto em sua homenagem.

GRACITA FLOR DA SAUDADE

12.01.10, canticosdabeira

NOS 25 ANOS DO FALECIMENTO TRÁGICO DA NOSSA GRACINHA

 

SINGELA HOMENAGEM DA TIA E MADRINHA CLARISSE

Góis, 8 de Fevereiro de 2010

 

 

 

Coordenação de:

 

 

CLARISSE BARATA SANCHES

 

 

 

 

 

 

 

 

Colectânea

 

 

de

 

 

Saudosas Memórias

 

 

Góis - 1985

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Dezoito de Junho de 1961, era um Domingo ameno e esperançoso. Ao fim da tarde soubemos, com prazer, que tinham nascido na Maternidade em Coimbra duas meninas.

 Antevia-se já o nascimento na família de duas crianças gémeas, mas saber que eram duas bébés, foi para mim motivo de muita felicidade. Sempre gostámos de crianças e um par de meninas vinham alegrar a casa e a família, como disse numa poesia que publiquei em 1964, num jornal de Águeda, intitulada "DUAS FLORES".

 Havia já o Nandito com cerca de quatro anos que, quando as foi ver me disse: - São muito pequeninas... E eram realmente; a Célia pesava  2,700 k. e as Graça 1,700 k.

Parece que estou a vê-las chegar a Góis numa ceirinha! A Célia trazia já o seu nome escolhido, e a Gracita, mais miudinha e com pouco cabelinho, ainda se não sabia a sua "Graça". Ao cimo da escada saudamos os dois anjos com maravilhoso carinho.Elas iam para estar um tempo em Bordeiro, em casa da avó materna.

E foi à última hora de a registar no Civil, que se optou pelo lindo nome de Graça Maria.

No dia 13 de Maio de 1962, realizaram-se os baptizados das manas. Fui eu a madrinha da Gracita, que não sei por que preságio ou motivo chorou todo o santo caminho e na Igreja Matriz durante o solene acto, efectuado ainda pelo saudoso Padre Belarmino Soeiro.

Quem havia de premeditar que viriam a ter a sorte de serem chamados à presença de Deus no mesmo dia - 8 de Fevereiro de 1985.

Em crianças e adolescentes, depois, a sua mãe tivera sempre o fino gosto de as trazer vestidinhas de igual e com muita graciosidade. Algumas pessoas tinham dificuldade em as distinguir. Deram alguns cuidados, certamente, mas eram os nossos amores, a nossa alegria e a nossa esperança!

 

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Com cerca de 5 anos, chegaram um dia da Escarnida, muito contentes, porque diziam ter visto no Céu a Nossa Senhora!

Concluindo o nono ano de Escolaridade em Góis, não desejando a Graça seguir mais estudos, ficou na padaria a auxiliar o pai e acompanhava-o quase sempre nas vendas de bolos a Coimbra.

Se o carro regressava completo de pessoas, ela dava sempre o seu lugar e vinha de pé da melhor boa vontade, Na padaria havia nela a cada momento um sorriso de agradecimento para com todos. Muito simples e concentrada, era dócil e submissa para com os pais.Enfim, nem parecia jovem deste tempo.

De temperamento alegre, principalmente para com as crianças, que acalentava de maneira cativante. Os seus sobrinhos Paulo e Catarina e até o primo José Diogo, eram o seu enlevo.

Muito amiga dos primos Cocas, Ana e Carla, era leal companheira das colegas, Que o digam as manas da Havaneza, a Tita e a Nana, a Tila, a Laidinha, a Isabel Maria, a Guida, a Gina, Bélita, Tina, Zézita, a Zá, Graças, a Isabel Rosa, Luciana e muitas mais.

Socialmente defendera sempre o direito à vida no início de gestação, até uma protecção mais cuidada da Terceira Idade.

Devota da Virgem Maria, fora a Fátima a pé em Maio de 1983 num cumprimento de uma promessa que fizera pelo seu tio Adelino, Fez o trajecto radiante e era quem ia à frente da peregrinação mais uma moça de Vila Nova do Ceira.

De regresso em que o pai a foi buscar, subiu a nossa escada a toda a pressa para mostrar que não se sentia nada fatigada.

Chegou a frequentar a Escola de Música, possuindo já a sua viola, que hoje nos faz muita tristeza!

Tirou com a irmã o curso de Dactilógrafa e carta de condução, logo ao primeiro exame.

Numa saudosa manhã de Junho de 1984, veio dizer-me toda contente: - Conheci ontem um moço que é amigo do meu irmão. Vamos lá ver se nos entendemos.

Ao aceitar, depois, a fininha aliança de comprometida, contou que lhe disse em modo de brincadeira: - Mas eu quero ser livre como um passarinho.,,

Porém, o destino implacável não deixou concretizar o que a sua mente pura idealizava.

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Alma condoída, lamentava muitas vezes a desdita de tantos infelizes da terra e pedia-nos ajuda material para alguns que conhecia e gostava de proteger.

Que pena não teve ela do Victorzito de Bordeiro, que ia visitar ao hospital, afligindo-se muito pelo seu estado de coma. Ela foi para Deus quase do mesmo modo em oito de Fevereiro de 1985 e o Victor dia um de Abril, seguiu-a como anjo de paz na santa jornada.

Tudo isto nos parece ainda um grande sonho, o desalento duma família inteira, a dor profunda de uns pais que vêem desaparecer uma filha extremosa em plena mocidade, de maneira tão funesta e tão inesperada.

Nada fazia prever que, duma simples operação a um braço no dizer dos médicos, originasse tão triste destino..

Cena dolorosa que sua irmã gémea, a Célia com os seus pais acompanhou diariamente durante três meses, com lágrimas de sofrimento..

A Gracita, boa como era, e sofrer como sofreu, é merecedora do nosso respeito. E é por isso que, neste Ano Internacional da Juventude, será grato para todos nós que, aqui perpetuamos a sua memória, pelo nome digno que nos deixou aos 23 anos de idade, este livrinho, prova de humilde recompensa das suas virtudes morais e cristãs, lembrança exemplar para os vindouros..

Mas crentes, no entanto, que o galardão maior o receberá ela das mãos de Deus.

Ante a sua delicadeza de alma, erguemos ao Senhor uma súplica para que cheia de graça e elevada nas alturas Celestes, ela possa pedir por nós, por todos aqueles que lhe oferecem fllores e preces, pela nossa comunidade de Góis, e ainda pelo mundo inteiro, tão carecido de amor e fraternidade.

C.B.S.    

 

9

 

MAS QUE SAUDADES!

  

Querida donzela vais

Umdia estrelinha nobre

E nem nos falaste mais.

Riqueza que nos fez pobre

Inda um Anjo que teus pais

Devolveram ao Senhor:

A filha do seu Amor!

  

 

Guardada no Céu com preito

Reliquia, disseste pura

Adeus ao mundo imperfeito

Com saudades e ternura,

Ilusão, sonho  desfeito,

Tanta dor e amargura

Anda dentro do meu peito.

 

 

C.B.S.

 

Boavista onde eu morava

Na minha infância querida

E a Gracita aqui passava

Quando ia à Escarnida.

 

C.B.S.

 

 

 

Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Por que é a vossa vida?

É um vapor que aparece um pouco. e depois desvanece...

S. Tiago - Cap. 4 vers. 14

 

 

AS DUAS FLORES

 

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 Gracita à Esquerda e a Célia à Direita

 

 

 

 

 

 

GRACITA FLOR DA SAUDADE / SONETOS - II

09.01.10, canticosdabeira

II PARTE

 

 

                                     

                                                                                                      

 

                                                     OS SONETOS, GRAÇA BELA, 

 

                                                     QUE ESTA MINHA ALMA DITARAM 

 

                                                     SÃO HOMENAGEM SINGELA 

 

                                                     DE UNS OLHOS QUE TE CHORARAM

                            

 

                                            Com a mais profunda Saudade da tia e madrinha Clarisse

  

                          Bem - aventurados os que choram, porque eles serão consolados. S. Mateus - Cap. 54

 

 

 

 

 

 

 

 

ETERNA SAUDADE 

 

 

...Tinhas a Graça em tudo, meu amor,

Na voz e na singela compostura.

A graça no teu nome encantador

E nesse meigo olhar, muita doçura!

 

A c´roa do martírio, jovem pura,

Já a levaste a Deus, Nosso Senhor,

Porque se vive em mundo de amargura,

Onde só há tristeza e desamor.

 

Quando te foste cheia de alegria

Para compor o braço, nesse dia,

Morreriam teus sonhos de donzela!

 

Por te não ver, perdi o gosto à vida,

E as saudades são tantas, minha qu'rida,

Que te mando  beijinhos da janela!

 

Góis, 26-2-1984 – C.B.S.

 

   

 

ROSA BRANCA 

  

Minha querida Graça, quem diria 

Que ias para "Santa  Filomena", 

Confiante e jubilosa em alegria 

Para compor o braço em triste pena.

 

Após o acto, nessa tarde amena, 

O médico a mãe sossegaria; 

Mas na sala viveu-se estranha cena, 

Porque não cessa o mal da anestesia. 

 

Foste mártir três meses. Que tormento! 

Num Inverno de chuvas e de vento, 

Em que lágrimas trágicas vertemos. 

 

Que Deus nos dê conforto e a ti o Céu 

E faça ver bem claro, o que te deu... 

Com esta rosa branca que perdemos. 

  

4 /3/1985 - C.B.S.

 

              

 

GRACITA: O SOL DO NOSSO LAR

 

 

- Desde oito de Novembro que não sei

O que  é sentir a paz no coração.

Em oito de Fevereiro te beijei,

No mais sentido Adeus e provação!

 

Morrer é para todos uma lei,

Mas se algo falhou na operação,

E nos tirou um Anjo que estimei,

Como se pode ter conformação?!

 

Vinte e três anos belos e risonhos,

Em que ruiram tão cândidos sonhos,

E se foram em voos de andorinha!

 

Gracita, eras o sol do nosso lar,

Se na Terra deixaste de brilhar,

No Céu, agora, há mais uma santinha!

 

8/03/1985 - C.B.S.

 

15

 

ÚLTIMO ADEUS

 

-Jamais posso olvidar a despedida

Que nesse dia cinco nos fizeste

Tão cheia de esperanças e de vida

E o derradeiro beijo que me deste.

 

 

Confiaste na ciência, minha qu'rida,

E no ortopedista que escolheste

Para compor o braço nesse dia,

Em que os mais puros sonhos desfizeste!

 

 

Se bem que muitas preces e novenas,

Deus preferiu levar-te para os Céus,

Que ficares por cá em vivas penas.

 

 

Vinte e três anos só! Nos olhos meus

Há um pranto de Santas Madalenas

A lembrar sempre o último Adeus!

 

Março de 1985 - C.B.S.

 

Nota: Não foi este o último Adeus! Na madrugada de 30 de Maio estava orando e adormeci, por um instante. Recebi, então, dois ternos beijos teus. Que sonho maravilhoso veio até mim por vontade divina.

 

 

 

 

 

16 

 

O TEU RETRATO

 

- Todos os dias minha Graça qu'rida,

O teu retrato gosto de beijar:

Aquele onde estás triste e parecida,

E me deste uma vez para guardar.

 

Olho p'ra ele e fico a meditar:

Bébé um dia, agora mais crescida,

Rodeada de carinhos no teu lar,

Porque foi para ti tão curta a vida?

  

Se dos médicos fosses filha amada,

Haveria mais zelo e atenção,

Nem era uma família desolada!

 

Assim, "simples" que foi a operação,

Fizeram dela, certo, uma jogada...

Tal como a Lucindinha lá de Olhão.

 

 

 

OS OLHOS MEUS

 

- Gracita, meu amor, minha esperança!

quisera ter mais olhos p'ra chorar,

Se neles vive a mais doce lembrança,

E jamais servem para te mirar!

 

Se às vezes faço o meu pranto estancar,

E a lágrima no rosto me não dança,

É para avó eu não martirizar

Na sua vista que lhe dói e cansa.

 

Meus olhos que brilharam de alegria

Ao verem sempre a luz do Céu nos teus,

Hoje ardem-me de dor e nostalgia.

 

Assim, penosos estes olhos meus,

Não mais reflectirão um claro dia,

Enquanto te não ver junto de Deus!

18 C.B.S.

 

 

 

ALGUÉM BATEU: ERA A DESGRAÇA 

 

                                                                                                                                                            

Em sete de Novembro, alguém bateu 

De rijo à nossa porta. Era a desgraça! 

O Céu estava lindo, escureceu... 

E uma nuvem escura nos abraça... 

 

Essa intervenção "simples" decorreu, 

E deixa em se mi coma a nossa Graça. 

Recorremos a Deus, no alto céu,

Mas o mal implacável, não lhe passa.

 

Com noventa e três dias a sofrer,

Sem nos poder falar e até ver,

Chamavam-lhe a "Santinha" lá em Celas.

  

O Senhor dia 8 de Fevereiro,

Mandou um Anjo seu, de jardineiro,

Colher  para si rosa das mais belas.

  

C.B.S.

 

19

 

ATÉ AS PEDRAS CHORARAM

 

 

Góis inteiro chorou sentidamente

E também as pedrinhas da calçada,

Por onde ela passava sorridente,

Deixando toda a rua perfumada...

  

Da Vila ao Pé Salgado, pela estrada,

Deslizava qual luz resplandecente,

Magnética, afectiva e enlevada,

Logo ao romper do dia e ao sol poente.

 

 Lastimam-se as pedrinhas a dizer:

 Que é feito duma estrela que passava  

Em refulgente imagem de mulher?

 

- Gracinha está no Céu, aonde encanta;

Quando ela para vós já declinava

O seu olhar tão meigo, era de santa!

 

  C.B.S.

                                                                                                      

 

 

 

 

A MINHA VIDA POR TI

 

Há já sessenta dias que partiste

Dum mundo de ilusão e dor pungente!

Deixaste-nos, Gracita, muito triste

E a chorar, por ti, saudosamente.

 

Naquele dia que te despediste

De mim, da avó, da prima, tão contente!

Quem pensaria, flor, que nos fugiste

E não voltavas mais a ver a gente!

                                                                                                                                                                               Quando te soube mal, eu ofereci

De olhos no Céu a vida, então, por ti,

Mas Deus não aceitou proposta                                                                                                                        

 

Ninguém sabe os desígnios do Senhor,

Mas, se te preferiu,,oh meu Amor,

É porque chama antes quem mais gosta

 

 

 

CARTA PARA TI

 

Gracita! Meu Amor! Minha andorinha!!

A virtude que sempre cultivaste

Ficou perpetuada, oh, pomba minha,

No coração de todos que estimaste!

 

Na hora em que te escrevo esta cartinha,

Omporta-me saber, se bem chegaste

À morada Celeste, tão novinha

Com o vesrido branco que levaste!

 

Segundo o Evangelho, estarás bem

E os Anjos deram vivas no além,

Com cânticos de alegre saudação!

 

Alma gentil, espelhp de água pura,

Recebe um beijo cheio de ternura

E pede para nós resignação.

C.B.S.

 

   

 

 

TRISTE PRESSENTIMENTO

 

 

Que lágrimas amargas já bebi,

E me rolam na face a cada instante,

Desde aquela manhã, ao pé de ti,

E me contaste sonhos, radiante!

 

Ias para Coimbra confiante

No médico compor o braço ali.

Enganaram-te rosa cativante,

Porque o teu olhar jamais sorri.

 

Na vésp’ra tinhas vindo ver a avó,

Coma Célia, o teu Litos e não só,

Mas eu notei em ti melancolia.

 

E volvi: Porque estás triste Gracita?

Logo que me respondeste, em voz bonita:

- Está chegando o tempo, minha tia…

C.B.S.

 

  

 

CASA PEQUENINA

 

Quantas vezes seponho te ouvir

Naquela belo timbre chamar: - tia,

E em nossa escada, à pressa, o teu subir

Que me dá uma súbita alegria.

 

Depoisd, vem de repente a nostalgia,

E o coração parece me partir…

Ao meditar na louca fantasia

E no sofrer atroz que te fez ir.

  

Ai, tempo que passou e já não volta,

Mesmo vivendo em sombras de ansiedade,

Onde a minha ventura andou à solta!

 

Se o dia de hoje é cheio de tormentos,

Sucede que me faz sentir Saudade,

Tristezas que vivi noutros momentos.

 

C.B.S.

GRACITA FLOR DA SAUDADE / SONETOS

08.01.10, canticosdabeira

 

 

SAUDADES DA TRISTEZA

 

 Quantas vezes suponho-te ouvir

 Naquele belo timbre chamar: - tia,

 E em nossa escada, à pressa, o teu subir,

 Que me dá uma súbita alegria.

 

 Depois vem de repente a nostalgia

 E o coração parece-me partir

Sdetitar na lou8ca fantasia

 E no sofrer atroz que te fez ir.

 

 Ai, tempo que passou e já não volta,

 Mesmo vivendo em sombras de ansiedade,

 Onde a minha ventura andou à solta!

 

 Se o dia de hoje é cheio de tormentos,

 Sucede que me faz sentir saudade,

 Tristezas que vivi noutros momentos.!

 C.B.S. -25-

A MEU DEUS

 Meu Deus, só vós sabeis o que no peito

 Me fere noite e dia esta paixão!

 São as saudades dum amor perfeito

 Que me fazem doer o coração.

 

 

 A Gracita está bem, pelo seu feito,

 Todos me dizem com animação,

 Se na terra o seu sonho foi desfeito,

 Do Céu recebeu já um galardão.

 

 

 Meu Deus! Meu Pai! Não quero vacilante

 A Fé que tenho e recebi de Cristo,

 Quando abraçou por nós a Cruz um dia!

 

 

 Concedei-me, Senhor, a luz brilhante,

 Muita Esperança no além benquisto

 E a doce paciência de Maria.

 C.B.S.

 

 

AMIGA LEAL

 

 Alma bela gentil que ao Céu voaste

 Ao romper tuma triste sexta-feira,

 Se Jesus te pegou na mão fagueira,

 Foi porque o Paraíso conquistaste!

 

 

Como andorinha terna e prazenteira,

 Caem na terra penas que levaste,

 Quandfo em subidos voos, tu passaste

 Para a mansão eterna e derradeira.

 

 

 Graça, amiga leal de toda a gente,

 Um tesouro que tínhamos aqui,

 E que a sorte nos veio arrebatar.

 

Já não sei o que é ser-se contente,

 Todo o gosto morreu, quando te vi

 na Clínica, sem veres e falar!

  C.B.S.

  

TANGERINEIRA SAUDOSA              

 Não gosto de te ver tangerineira

 Com tangerinas doces, amarelas,

 Saudades sinto, ter .te à minha beira,

 Porque a Gracita vinha sempre a elas.

 

 Trazia na mão linda a sua ceira

 Ou saco pra levar cheinho delas.

 Lá se encarrapitava, tão fagueira,

 E colhia pra todos das mais belas.

 

 Tangerineira triste! Meus carinhos,

 Onde agora só voam passarinhos

 E saltitam em castos devaneios.

 

 Se alguma vez na árvore os não vejo,

 Chamo pela Gracinha, solto um beijo,

 E logo me aparecem com gorjeios.

 C.B.S. -28-_

 

 

 

SOL QUE NOS FUGIU

 

 - Sabermos te, Gracita, na amplidão

 Qual perfume que a Virgem glorifica,

 Eu desejava ter consolação,

 Mas os meus olhos choram inda em bica.

 

 

 Três meses vão! Minha alma te dedica

 Madrugadas de amor em oração!

 Ai, quem me dera a mim, Pérola rica,

 Dar suave calor à tua mão.

 

 

 Deisxaste o mundo nos teus verdes anos,

 Martirizada e vítima de enganos,

Terna flor em botão, que mal abriu...

 

 O teu olhar bonito de esperança

 No sorriso que temos na lembrança

 Era Sol que nasceu e nos fugiu!

 8-05-85 C.B.S.

 

    

MÃOS DE FADA

 

 - Tu tinhas umas mãos lindas, de fada,

 Com dedinhos de muita habilidosa!

 Escrevias com letra bem traçada

 E fazias malhinha graciosa!

 

 Na Padaria a tua mão bondosa

 Dava a cada criança uma arrufada!

 E pão de véspera, minha linda rosa,

 Oferecias a gente precisada.

 

 Acabada a missão, pelo meio dia,

 Dizias sempre: - até amanhá, tia,

 Eu tenho de ir para a casa arrumar.

 

 Ao outro dia, em nosso quarto quedo,

 Tu vinhas sempre aos trocos, muito cedo.

 Como era doce e grato esse acordar!

  C.B.S. 30

  

 

ERAS CÉU DENTRO DA GENTE

 

 Ai, quando me levanto de manhã,

 Só sinto em mim vontade de chorar

 Porque não ouço aquela voz tão sã

 Na Padaria, alegre e a aviar.

 

 E medito! Como esta vida é vã!

 Casa feita de areia a resvalar;

 - Mas para ti, Gracinha, alma cristã,

 Edificaste em rochas o teu lar.

 

 Se no meu coração estás comigo,

 Os dias ledos foram-se contigo,

 Portque tu eras Céu dentro da gente.

 

 Agora, peregrinos da tristeza,

 Esperamos que Deus, em fortaleza,

 Não nos deixe na terra órfãos somente.

  23-05-85 C.B.S. 31

 

    

À GRAÇA QUE PERDEMOS E À CÉLIA QUE TEMOS

(No dia dos seus 24 anos)

 

 Da vossa infência à juventude airosa,

 Na festa de anos era alegre o dia!

 Quando sempre versinhos vos fazia

 A desejar-vos vida radiosa.

 

 

 E nesta data triste e tão saudosa,

 Já só posso compor uma elegia,

 Por que para mais doce melodia,

 Falta-me linda pétala de rosa...

 

 

 Um raminho de cravos perfumado,

 E que lágrimas nossas vão regar,

 Com orações num dia tão lembrado,

 

 

 É o que posso, Graça, te ofertar,

 Num Céu com muitos anjos a teu lado

 E Jesus e Maria a acompanhar

 Góis, 18-06-1985 C.B.S.

 

Nota: Neste dia ficaste rodeada de flores que mãos amigas foram depor com muito carinho em romagem de Saudade, no Jazigo onde repousas serenamente.

 

LUZ DO DIA

 

 Andaria o Senhor Jesus em lida,

 No seu jardim Celeste e perfumado!

 E eis que manda, um Anjo de partida,

 Buscar cândida Flor do seu agrado.

 

 Ao percorrer a Terra, lado a lado,

 Vê açucena branca em pura lida!

 Reflexos dum Céu lindio e anilado

 E na Graça sinais da escolhida...

 

 O Anjo diz então: - Graça Maria

 Põe-te nas minhas asas, sem receio,

 Que nõs vamos voar a altos Céus!

 

 Tu és a flor mais bela e luz do dia

 Que por desígnio santo às mãos me veio

 Para ir colocar aos pés dee Deus!

 C.B.S. - 33

 

 

 

As duas manas 

 

Um dia no Jardim Zoológico em Lisboa: Graça à esquerda e Célia à direita.

 

GRACITA - FLOR

07.01.10, canticosdabeira

III Parte

    

 

 Graça Maria aos 14 anos de idade, com o seu cândido e maravilhosdo sorriso

 

 

                          ESTES POEMAS DE ENCANTO

                              E MENSAGENS DE AMIZADE

                              SÃO PARA TI, LÍRIO SANTO,

                              TESTEMUNHOS DE SAUDADE.

 

        Carinhosa homengem de familiares e Amigos

 

                                

 

Graça Maria na escada da sua residência ewm Góis, onde subiu e desceu muitas vezes de sorriso no rosto.

 

Feliz aquele que vós escolheis e atrais para habitar nos Vossos átrios.

Somos saciados com o bem da vossa casa e com o vosso santo exemplo.

Salmos - 65 -4

 

37

FILHA QUERIDA

 

 

 Da jornada que fizeste e nos deixaste nesta agonia

 A nossa imensa pena cresce dia a dia;

 Do martírio que, por vontade divina, tu passaste.

 Do grande Amor que tu Graça Maria, nos legaste,

 Enfim!

 Se se foram contigo as alegrias,

     Estarás connosco...

 Até ao fim dos nossos dias.

 Que Deus te ilumine de graças

 E te perfume o Céu de flores...

 

Teríamos muito mais que te dizer,

Mas lágrimas caem no papel branquinho

E regam as letras que q'remos fazer,

Saudades da tua afeição e carinho.

 

    Lembranças nossas, junto do Senhor

 

TEUS PAIS

 

Quando o que mais amávamos soçobrou nesta vida onde a felicidade é incerta e fugaz, só nos resta um gesto digno e reconfortante: erguer as mãos e rezar:

 

LUZ DA MINHA FÉ

 

                  Esta noite de amargura

             Noite medonha, sem fim...

            Tem uma estrela na Altura

             A brilhar junto de mim.

 

                    Alva estrela que ilumina

                    Esta dor, que me trespassa

          Fortuna da minha sina.

              Riqueza da minha graça,

 

               Confidente a quem contei

                    Toda a minha desventura.

         Feliz porque te encontrei.

         Oh linda estrela da Altura.

 

                    Que para sempre eu te veja

             Junto de mim a brilhar;

               E por Deus louvado seja

              Quem me ensinou a rezar.

 

Do livro "Canto da Cotovia" - 1941 (esgotado)

Vasco de Campos 

 

Nota: - Este pensamento e linda poesia de Fé, foram-nos enviados, gentilmente, pelo Excelentíssimo Senhor Dr. Vasco de Campos, muito distinto médico, poeta e Amigo para conforto.

Poema extraido do seu livro "Canto da Cotovia", que escreveu com lágrimas, na altura em que perdeu um filho ainda criança, que era também o seu enlevo e a sua esperança.

 

 Lê-se na Bíblia Sagrada que o pensamento de Deus é impenetrável. Assim aconteceu com a morte da Graça Maria que todos julgamos permatura por se encontrar em plena juventude.

 Em circunstâncias como esta vale a pena meditar na passagem do livro da Sabedoria, 4, 7-15;

 "O justo, ainda que morra permaturamente gozará de repouso. A velhice respeitável não é a vida longa, nem se me de pelo número de anos; cabelos brancos para o homem são a prudência, e a muita idade, uma vida imaculada. Tendo-se tornado querido de Deus, foi por ele amado, e, como vivia entre pecadores, foi transferido.

Foi levado, para que a malícia não lhe mudasse os sentimentos, nem o engano lhe seduzisse a alma. Porque a fascinação do vício corrompe o bem e a vertigem da paixão transtorna um espírito inocente... E os povos vêem sem entender, nem reflectem que a graça e a misericórdia de Deus são para os seus eleitos, e a protecção de Deus é para os seus santos."

Pedimos-te Graça, que junto de Deus, continues a interessar-te pela comunidade a que pertenceste, especialmente pela juventude.

 

                                          Com Saudade

                                      Padre Carlos - Góis

 

                                         

 

Do exemplo da tua coragem, do teu sofrimento, fica a certeza da tua bondade, do teu amor e a esperança de continuarmos a nossa amizade.

                          Maria Teresa Campos Nogueira - Góis

                                                                 

A ti, Gracita, um beijo de eterna saudade da tua professora muito amiga.

                             Berta Mascarenhas - Góis

                                                                 

MINHA MANA

 

Como é bom ter uma irmã

a quem confiar! Com quem dialogar!

Por vezes nem nos apercebemos do amor que nos liga.

Como foi horrível sentir a tua partida oara o Além!

Tu, maninha,suavisavas as minhas penas,

embelezavas o meu caminho e perfumavas o meu viver!

O teu sorriso era leal e verdadeiro.

Na tua palavra honesta e desinteressada,

vivia a presença da minha alegria!

Sonhava com o teu futuro e começavas agora a lançar as redes

no mar da tua vida.

Tu, Gracita, eras jovem e deixaram-te morrer!

Destruiram os teus castelos no ar.

Desmancharam a tua esperança! Gracita, pereceste para a vida,

mas ficaste gravada no coração de todos nós.

Com profunda saudade da mana Célia.

                                                               

 

A Gracinha está no Céu e é mais uma alma que junto às minhas por quem oro todos os dias

Maria Rosa Tavares C. Simões - Mourisca do Vouga

                                                           

QUERIDA NETINHA

Jamais poderei esquecer os ultimos beijos que me deste na cozinha, cheia de alegria, quando saiste de casa para compor o teu bracinho. Custou-me muito deixar de te ver, de ouvir a tua linda voz e saber que partiste na plenitude da vida, tao cheia de esperança e planos. O destino foi muito cruel e por issso o meu coração pulsa de dor.

Quantas vezes ainda chamo pelo teu nome e penso ouvir-te correr nas escadas. Que ilusão tão triste! Jamais supus que em Portugal em pequena cirurgia, surgisse um caso dramático que ninguém explica porque aconteceu, e logo com a minha Gracinha!

E assim ficou uma família desalentada, desesperada e doente porque: Se surgiu um acidente/a mente também falhou. Foi por isso, infelizmente,/ que a minha Rosa tombou...

Pede por nós, Gracinha, lá no Céu, e até ao dia do nosso reencontro.

Com profunda saudade da avó Elvira

 

GRAÇA MARIA 

O destino adverso impediu que se juntassem as nossas almas e se

concretizassem os nossos sonhos.

Conhecer-te, Graça, foi para mim um bem, apesar do desgosto de perder-te.

Se o Pai te chamou, no Céu terei agora uma irmã.

Com eterna Saudade a sentida e humilde homenagem do

Carlos Alberto "Litos" - Carvalho - Pampilhosa da Serra.

 

 

MEMÓRIAS DE AMOR

 

          Teu lindo sorriso foi doce e mais quente,

          Mas olha, Gracita,a vida é uma ilusão;

          Deixaste em nós uma chama ardente

          No interior do nosso coração.

 

          Os teus sonhos puros, eram os mais lindos.

          Mas a Divindade Celeste não quis.

          Orações e hinos jamais serão findos,

          Eu sei onde estás! Portanto és feliz.

 

          És mais uma santa que entrou lá no Céu,

          Tantos sofrimentos e tamanhas dores,

          E tanta pureza num branquinho véu,

          Pede por a gente, pobres pecadores.

 

          Deixaste no mundo memórias de amor!

          Deixaste no mundo provas de bondade!

          Lembramos-te sempre e com tanta dor,

          Lembramos-te sempre com muita saudade!

 

         Ai, como foi triste a tua partida!

         Deixaste-nos sós neste mundo cruel.

         Tu eras a nossa sobrinha querida,

         Saudades do tio e da tia Isabel!

 

Adelino e Isabel - Lisboa - Abriu de 1985

 

A GRAÇA

Quem não conhecia a Graça?!...

Quem não a estimava?!...Teria uns quatro anitos quando a conheci.Difícil de a distinguir da irmã, à primeira vista. Mas havia algo que as diferenciava no seu rosto e no seu cabelo!

Cresceu. Adolescente, jovial. Ela na Escola e na Catequese. Vejo-a no dia da sua Profissão de Fé. Decidida, corajosa. Vejo-a na Escola Preparatória. Mais rapariga, mas,sempre a mesma Graça!

Os olhos resplandeciam a candura do seu coração! O seu coração revelava o ardor da sua Fé.

A sua Fé concretizava-se na Dedicação aos outros, no Amor a Deus, na Caridade autêntica. ERA A GRAÇA!

Pela última vez, não há muito tempo ainda, eu passava na Rua da Sofia em Coimbra. Ela depara-se-me de frente, com o mesmo sorriso., a mesma simplicidade, a mesma pureza!

Eu acredito no coração das pessoas! Eu acredito na sua Fé, quando é concretizada em acções válidas e generosas,

Eu acredito na justiça e na Misericórdia de Deus. Por isso eu acredito que a GRAÇA - Dom de Deus - está junto de Deus na Bem-Aventurança. Por isso se a morte da Graça foi momento de Saudade e de lágrimas, é também certeza de que temos na Eternidade, alguém que intercede por nós: é ela.

 

  Padre António Dinis - Coja

Nota: este digno secerdote paroquiou Góis doze anos e é licenciado em em História pela Universidade de Coimbra.   

   

 

O Senhor escolheu mais uma alma da sua predilecção para o Céu. Ao que parece a Graça Maria era uma querida rapariga e não vai ter precipícios no caminho. De mais o Senhor é Fonte de Misericórdia.

Maria da Glória Dias Antunes- Lisboa- Vila Nova do Ceira

 

MINHA NETA QUERIDA

Minha bela Graça! Que dor me trespasssa na alma chorar!

Com a tua idade estava também para casar

e casei. Vieram filhos e desgostos. De três ficaram dois

que criamos depois.

Surgiram sofrimentos e enganos

e aos quarenta e quatro anos

Enviuvei e lutei por uma vida digna.

Agora, já idosa e doente, eram os netos o meu enlevo ardente.

Não gostei branca açucena

que fosses para Clínica de Santa Filomena.

O ranchinho desmancharam e a nossa alegria tiraram!

Sei que partiste para o Céu, mas vejo-te a cada instante

sentada na cama ao pé de mim, com o Paulito adiante

e a Catarina ao colo. Penso a ver-te no balcão, aviando o pão.

A caminhar estrada acima, sempre donairosa.

E o teu lindo sorriso, cor de rosa?

Esse minha flor, já era luz do Paraízo...

Sabes minha Gracinha, herdaste os dotes nobres de minha avó

materna, que era uma alma santa, boa e terna.

Na véspera de ir para Jesus, pediu às filhas que fossem ao quintal colher uma rosa!...

Não era tempo de rosas, mas a rosa lá estava, como por encanto e lhe foi dada com pranto.

Minha avó disse então às suas duas filhas: - não chorem filhas, eu só vou para o Céu amanhã às oito horas, e assim sucedeu.

Gracinha pede por nós a Deus, que vamos na barca seguindo para aí... com beijinhos para ti.

Com enorme Saudade e um Adeus até breve da avó

Preciosa Sanches - Góis

                                                                

Maria da Graça.JPG

 

Morreu a Gracita?  Morreu mesmo?

Não sei. Mas, me parece que não.

Olha ali aquela flor, que tão belo perfume tem!

Aquela Estrela brilhante lá no firmamento,

até me parece vê-la ali junto aos pés de Nossa Senhora!

Mas, não é a Gracita que brilha nos olhos daquela velhinha?

Ou é naquela criança!

No livro do Céu - não estará pedindo pelas crianças e velhinhos

a quem ela ela entregava o pão? Talvez! Só Deus sabe?

A Gracinha não morreu! Foi dar uma viagem e de lá mandará muitas saudades para Nós todos, nos sonhos... de Olhos abertos! João Custódio - Lisboa

Nunca se chegou a saber que era este Senhor que enviou esta mensagem. Viria do Ceu? Só Deus sabe.

  Maria da Graça.JPG

 Tive muita pena que desaparecesses do mundo em condições estranhas, sem se esperar e na flor da idade.

Muitas vezes se me representas em frente da Padaria encostadaà minha porta, esperando os fregueses e aquecendo-te ao sol do Inverno, bonito e acariciador. Sol que resplandecia no teu rosto terno e afagava os teus olhos cheios de meiguice.

Que as minhas orações por ti, sejam graças que recebas de Deus.

Maria Celeste S. Barata - Góis- Abril -85

                                                                           

ETERNA SAUDOSA MEMÓRIA DA INESQUECÍVEL GRACITA

 

                   Minha querida Gracinha

                   Por todos martírios teus,

                   Serás mais uma santinha,

                   A entrar no Reino dos Céus.

 

                   Estrela de raro esplendor

                   Que o Firmamento ilumina.

                   Gracita, é a tua alma em flor,

                   Reflexo da Luz Divina.

 

                   Lá no Céu onde estarás,

                   Reina a luz, reina o Amor,

                   Reina a harmonia e a Paz

                   Junto de Nosso Senhor!

 

                   Lírio branco de Saudade

                   De imaculada pureza.

                   Foste exemplo de bondade,

                   De muito amor e nobreza!

 

Que destino cruel foi esse que a arrebatou do seio dos seus entes queridos, em pleno florescer da vida?

Pobre Gracita! Foi mais uma vítima da fatalidade do destino, ou para ser mais sincera, direi: - Foi mais uma vítima da irresponsabilidade de pessoas inescrupulosas que não medem as responsabilidades dos seus actos.

 Maria Alda Bandeira Jorge - S. Paulo - Brasil

GRACITA ABRAÇA A AMIGA LUCIANA

07.01.10, canticosdabeira

ENTRE OS PAIS E AMIGOS

   

UMA SANTA VOOU PARA O CÉU

Lembro a Gracita ainda pequenina, junto à Padaria e alegre qual andorinha em dias de primavera, e sempre que eu trocava, o nome,ela me dizia - Não sou a Célia, sou a Graça... Elevei preces por ela, mas os desígnios de Deus estavam a acima de tudo.

É mais uma advogada que temos no Céu. E eu já mal a conhecia pedi-lhe já alguns favores. A primeira graça foi para uma família em aflição, a outra, foi que uma análise que ia fazer, pensando o médico que eu estava com diabetes não desse nada, e pela Gracita tive do Senhor a boa resposta. O nosso Coral já com 5 anos nunca tinha conseguido cantar fora da Figueira, mas sim sempre no Casino, depois que arranjei uma advogada no Céu, já fui a Leiria, Lisboa e à Guarda e até já com a minha alegria.

Por vezes penso porque me ouvirá a nossa Gracita?

Quando a minha Rosarito me veio dizer que a Graça tinha deixado o mundo, eu disse: - Uma santa voou para o Céu...

 Esmeralda Neves - Figueira da Foz

 

TIA GRAÇA

Sou ainda criança da Escola Primária, mas nunca mais te esqueço, nem os beijinhos e os carrinhos que me deste.

  Fazes-me falta para as nossas brincadeiras, e ver-te com a Catarina " às cavalitas".

Sabes, tia, se eu pudesse mandava prender os doutores, que se fizerem pequenos como eu e brincaram aos médicos contigo.

        Penas e beijos do Paulinho

MINHA SAUDOSA IRMÃ

Já lá vão cerca de 24 anos! Fiquei contente quando vieram para casa duas meninas para eu brincar.

Crescemos juntos, passeamos e estudámos juntos. A nossa infância foi alegre e risonha. Aos 20 anos e com muita pena separámo-nos por que a sorte me deparou uma nova vida,- o casamento.

Sei, no entanto, que a tua amizada fraterna por mim continuou até ao dia que te deixaram morrer de modo absurdo e estranho, na Clínica, onde nunca devias ter entrado.

Quando estudante, ainda sonhei ser médico. Mas, para a prática desta actividade, seria necessário possuir uma vocação especial, quase divina. Isto é, dedicarmo-nos de alma e coração aos pacientes, que se entregam confiantes nas mãos de especialistas, por vezes com pouca humanidade.

Sabemos que eles não são Deuses e podem errar. Mas, um erro ou descuido num doente, pode vir a traumatizar muitas pessoas para o resto da vida! E eles nunca confessam as suas falhas e encobrem-se muito.

O exercício da carreira médica é efectivamente lindo e missão elevada, mas de responsabilidade tremenda.

Gracita! Tudo correu mal, apesar dos médicos não terem a coragem de o afirmar durante o tempo em que estiveste em sofrimento. Numa Casa de Saúde onde tudo se paga por bom preço, devia haver mais carinho, zelo e atenção. Posso comprovar que, a assistência médica ali foi deficiente. Na tarde de Domingo, dia 11 de Novembro, que ali passei, não vi um único médico à tua cabeceira! Estavas, sim, rodeada de muitos amigos a sofrerem contigo e a quererem-te valer, sem nada poderem fazer...

Os técnicos que efectuaram o serviço imperfeito, como se viu, estariam descansados em casa com as suas famílias, ou em passeios de fim de semana...

Que Deus lhes faça justiça, uma vez que por cá ela se manifesta defeituosa.

Gracita, admirei sempre a tua maneira de ser, simples, afável e honesta. Não seríamos merecedores de termos connosco uma santa, como te chamavam em Celas.

Como não hei-de lembrar-te, se eras meiga para todos e verdadeiramente carinhosa para com os meus filhos que sempre estimaste com muita ternura, o Paulo e a Catarina?!

Queira Deus que a nossa Catarina te herdasse as virtudes sublimes, com que perfumaste a terra, e me faz sentir orgulho de teres sido minha querida e boa irmã.

                Com saudade profunda do "Nando".

A GRAÇA MARIA NA NOSSA LEMBRANÇA

 

A jovem Graça Maria da Cunha Sanches era sócia nº 684 da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis.

Elemento sempre pronto a colaborar, dentro e fora do concelho, em todas as actividades recreativas e de angariação de fundos Que esta Associação Humanitária levou a efeito, distinguiu-se muito especialmente na organização do Cortejo de Oferendas do bairro do Pé Salgado - em Setembro de 1984, com a sua graça, entusiasmo, contribuindo assim para o brilho e rendimento que aquele bairro apresentou.

Com indelével saudade e homenagem singela de todos os órgãos desta Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis

Góis, 21 de Junho de 1985

             O Presidente da Associação

         Emanuel Enéscio de Almeida Gama

        

RECORDAÇÕES DA TUA INFÂNCIA

 

Eras tu pequenina, andei contigo ao colo e ensinei-te a dar os primeiros passos. Não me esquece ver nos teus cabelos aqueles lindos laços que te davam muita graça. Sempre gostei de ti e da tua mana Célia.

Comigo brincavas tantas vezes, e as nossas alegrias vieram dar em muitas tristezas. Sempre alegre e sorridente na rua e na casa dos  teus pais, eras para mim, Gracita, uma flor de um lindo jardim que eu jamais esquecerei. Ver-te crescer graciosa e meiga a alegria aumentou.

Gracita, para o "tio" António como tu me chamavas familiarmente, tudo não acabou.Sei que foste para o Céu e no Céu estás viva,

Que Deus te tenha a Seu lado na eterna vida como mereces.

       Com saudade do ex-empregado

                     António Cristõvão Moura - Palmela

                                  

GRAÇA

Foste um fruto querido, de duas células de amor.

Um dia teus pais sorriram por te ver nascer.

Tu foste amadurecendo

E trazias contigo a alegria de viver.

O teu destino foi cruel. Mas porque?

Nascer para viver, viver para sofrer e sofrer para partir!

Tu partiste, mas ficaste Amiga para sempre.

Um vazio ficou e o teu sorriso ainda vagueia na nossa mente.

 

Com muita saudade da amiga: Isabel Rosa - Góis

GRAÇA MARIA

Mártir, enferma, de olhos lacrimosos,

A vida que se extingue lentamente,

Só contas por minutos dolorosos,

A Aurora do teu Sol já no poente.

 

Plena de viço e amor de juventude,

Para curar o braço, aconselhada,

Entraste numa "Casa de Saúde",

Ficando para sempre inaminada...

 

Fecharam-se as mãoszinhas dadivosas,

Não se abrem mais os lábios a falar,

Rondava perto a morte, murcham rosas,

Teus olhos eram só para chorar.

 

São três meses de dor e de martírio,

Acompanham-te um povo à derradeira

Morada. Dão-te cravos, branco lírio,

Que aguardavas a flor de laranjeira...

 

Aceita humilde preito de saudade,

De quem, triste, recorda horas passadas.

E que sejam na tua Eternidade

Rosas belas as lágrimas choradas!

 

Da prima e amiga - Maria Teresa Tavares Barata - Góis- Trofa do Vouga -Àgueda.

                           

HÁ MESES PERDI UM POUCO DE MIM

 

Há meses seguia devagar pelas ruas da incerteza,

Mas esperançosa.

Há meses corria abraçada à vida na esperança de te poder salvar...

Há meses tremia de pavor, ao ver que os teus sonhos estavam

a ser desfeitos.

Há meses na incerteza soube da amarga ccrteza que me esperava...

Há meses, há pouco tempo Perdi-te! Perdi um pouco de mim...

Perdi o sentido verdadeiro do meu viver...

Perdi alguém que me amava e que eu amava sem me aperceber.

Há meses perdi o amor de uma irmã gémea para sempre...

Com sentida veneração da

 Maio de 1985                       tua Célia

                       

A MORTE É ESPERANÇA

A Gracita não chegou a sofrer as desventuras do tempo, da velhice.

Não chegou a sofrer a dor de perder um filho, nós, principalmente seus pais e parentes mais próximos, que com ela mais conviveram, e que ficaram despojados da sua presença, da sua ternura, da beleza do seu espírito.

Ela passou a outro estágio de vida que nós não sabemos como será,mas que deve ser mais bonito e menos efémero. E atingiu esse estágio, sem sofrer as mazelas da vida,especialmente as da velhice.

Mesmo quando a vida é um "mar de rosas" não existe antídoto para a velhice. Há contudo um componente melancólico que nos acompanha e nos machuca. É que a gente não morre duma vez, a gente vai morrendo na medida em que tudo aquilo de que gostamos, nos vai abandonando, até deixar-nos, num vazio repleto de saudades. A morte eu nunca a temi porque até para ela tem um jeito - existe a esperança- mas qual a esperança para a velhice?

Quando era apenas um garoto, ouvi a minha avó dizer que a velhice era triste e não podia entendê-la. Como eu poderia?

 

Recordações de Bernardino H. Adão - Belém - Brasil

8 de Maio de 1985

 

Relativamente à interessante mensagem do nosso amigo econterrâneo Bernardino Adão, ocorre-me contar duas frases que ouvi muitas vezes à minha avó paterna: - "Quem me dera ser da vossa idade e não conhecer mais mundo".

Isto ainda quando os velhinhos recebiam mais consolo dos seus familiares e viviam em comunhão de mesa acarinhados pelos seus filhos e netos e não eram arrumados em Lares da Terceira Idade. 

 

Clarisse Barata Sanches - Góis

MÁRTIR E JOVEM GRACITA    

 

Oito de Fevereiro, um triste dia,

A alma da Gracita em mocidade,

Deixava este mundo de maldade

E p'ra mansão eterna ela partia.

 

Na sua torturada alma havia

Algo de singeleza e santidade.

Com o dom nobre da sublimidade,

Deus a quis para Sua companhia.

 

Graça, o teu sofrimento foi atroz...

Na Clínica deixaram-te inconsciente...

Gemias e choravas, sem ter voz.

 

Num funeral grandioso, realmente

O último adeus tocou a todos nós...

Por que há pranto no olhar de muita gente.

Gois, 85 _ Rodrigues Dias  

                                                                                             

GRACITA

Foi num triste dia 10 de Novembro a última vez que te vi. Quem diria? Tinhas as faces rosadinhas e uma lágrima que eu recordo com muito amor e saudade

Gracita era o teu nome/ Esse sempre ele será/ Também a nosa Saudade/Nunca mais acabará.

Se como penso estás com Deus, pede por nós.

A amiga que sempre te recorda com saudade.

Tila Barata - Góis

 

GRACINHA QUERIDA

 

Escuta o eco amigo dos teus paizinhos, familiares e amigos, aquilo que eles sentem, mas não te conseguem dizer. Digo-te eu que sou tua amiga. Maria Votória:

 

Olhando para o teu rosto

                      E ao calor da tua mão,

L embramos eternamente

                                  O teu meigo coração.

L evámos-te para a Clínica

                                  P'ra teu bracinho curar,

Mas o destino cruel      

                             Tua vida veio roubar.

O nosso amor e carinho 

                               Rodeou-te a todo o momento

Ninguém te pôde tirar 

                             O teu grande sofrimento

O sorriso dos teus lábios

                             A dura morte levou

Teus olhos ficam fechados

                             E o teu coração parou.

Tua alma descance em paz

                             Junto a Deus na Eternidade

Que no nosso coração

                              Fica bem viva a Saudade!

Seguimos-te com amor

                              P'ra aliviar teu sofrer

Mais foi grande a nossa dor

                              Por termos de te perder.

As flores do teu túmulo

                              Nunca mais irão secar,

São pranto dos nossos olhos

                              Que na vida as vão regar!

 

Maria Vitória Fernandes Nogueira/ Treixedo - Santa Comba Dão

 

Nota: - Esta jovem, nossa grande amiga, que escreve com a boca e vive sem braços e sem pernas, acompanhou-nos na dor, com o conforto da Cruz que abraça confiante em Jesus e Maria.

                                  

GRACITA "PIRICAS"

 

Todas as pessoas diziam que tu eras minha prima. Mas para mim tu tinhas outro valor, eras a irmã mais velha que eu tanto queria e de quem tanto gostava!

Em casa junto de ti e da tua irmã Célia, e por isso custou-me e custa-me imenso a tua partida.

 Fazem-me falta os teus passos apressados na minha escada e a tua voz a perguntar: "O Cocas está?"

Tu eras o que os jovem precisavam de ser: alegre, responsável, verdadeira, honesta, carinhosa etc.

 Jamais poderei esquecer as últimas palavras que tu me disseste: - "Cocas, eu vou para Coimbra, mas tu passa pela Padaria e leva a tua arrufada, que eu já disse à Milu. E daqui a uma semana quando eu vier quem te as dá, sou eu de novo".

Tu jamais me poderás dar-mas, mas no meu coração tu vais ficar gravada como a minha irmã de quem eu tanto gostava.

 

Como profunda Saudade do primo

Carlos Manuel Fernandes Sanches "Cocas" - Góis

                                         

DEUS TE ABENÇÔE, GRAÇA

Deus levou.te, Graça. Porquê?

Só Ele o sabe... com certeza eras-lhe precisa, mas podes estar certa que permanecerás sempre no nosso pensamento e nos nossos corações.

Essa tua maneira de ser... Esse teu sorriso simples... Enfim, podemos dizer que nos será muito difícil esquecer, "A Padeirinha"como eu te costumava chamar quando entravas a porta do nosso estabelecimento, ou sempre que íamos adquirir pão fresco ao teu posto de venda.

Esse desastre... Não podemos pensar nele. Mas recordamos com angústia os três meses que estiveste naquela inconsciência. E nós sempre na esperança que te viesses a salvar daquela morte inesperada e brutal, até que chegou a altura e nos disseram: Morreu a Gracita Sanches.E a nossa vila ficou mais pobre. Acredita que tentámos fazer algo por ti, com muita Fé, e na esperança de que a tua vida ia continuar. Porém, um dia depois de uma longa viagem e te vi no hospital, fiquei confuso; certamente porque a doença minava e grande era o teu sofrimento. O destino bateu à porta para a grande chamada a que ninguém pode deixar de responder.

Enquanto viveste as tuas boas qualidades fizeram de ti uma pessoa querida e procurada. Graça era uma jovem na flor da sua juventude, com os seus alegres 23 anos, sempre com aquele sorriso natural, que hoje já não temos por força do destino.

Não poderás ler esta homenagem. Se pudesses verias como te queríamos. A nossa Amizade era sincera podes crer. E por isso te chamámos sempre com o nosso jeito de brincar: "A Padeirinha Sorridente".

Todos te lembramos com saudades, porque sentimos mais pesada a solidão dos nossos jovens e a dor dos teus familiares.

Que Deus te abençôe e te recompense com um lugar a SEU lado.

Dos Amigos:

Armindo Neves - Isabel Neves - Tânia Isabel - Góis

                                                                 

A VIRGEM ESCOLHEU-A

Associando-me à dor incomensurável da família Barata Sanches, de Góis, pela perda duma filha, em plena mocidade, dedico-lhe este poema escrito de olhos rasos de pranto.

 

Que triste, que infinita dor

Caiu na tranquilidade daquele lar.

Perder a rosa a florir de Amor

Que nem em pleno conseguiu desabrochar! -

 

Nos cravos que cobrem o seu corpo em flor

E viram a Gracinha a sonhar e sorrir,

Perdura o perfume aliciante de amor

E nos familiares a dor da chaga a abrir! -

 

Sair de casa com a esperança a vibrar

De vir curada passados poucos dias,

E o seu ninho de pureza povoar

No chilrear alegre, de alegres cotovias! -

 

Mas a Virgem escolheu-a para Si

Para a livrar de tristes desenganos.

Então p'rá Virgem a Gracinha sorri

Na mocidade em flor na flor dos anos.

 

Andorinha, Oliveira do Hospital, Maio de 1985

Maria Salete Norte Borges

                                                                   

A Gracita não morreu! Apenas partiu e no Paraíso Celeste ela continua a viver! Se ela pudesse falar, nos diria: "Paizinhos adorados, queridos tios, manos, avós, primos e amigos, sei que muito sofreram, mas para mim o dia que parti, foi o mais lindo que vivi!"

 

Maria Vitória F. Nogueira - Treixedo - Santa-Comba-Dão                            

 

                                                              

 

GRACITA E OS BOMBEIROS

07.01.10, canticosdabeira

 

 

GRACITA QUANDO AJUDOU NO CORTEJO DE OFERENDAS A FAVOR DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE GÓIS EM 23/9/1984

  

SUA PRESENÇA 

Alegro-me por tê-la em meus pensamentos 

Em meus devaneios e em tudo o que vejo

Ouço... falo...você está presente.

Assim o Pai o quis.

Assim será

E embora doa muito a sua ausência

Deixo que os meus olhos vejam somente a sua vida em Cristo

E assim, sinto-me feliz.

 

António Barata Bressan (TonY) - Brasil

Nota: - Distinto oftalmologista

graça 001

 

É triste saber como ocorreu a morte da nossa prima Gracita. Como médico, procuro não ser disciplicente pois o dom de Deus, ou seja o dom que Deus nos deu, é muito sublime e um sacerdócio,

Queira Deus que eu nunca seja omisso e que Ele permita que algo semelhante nunca ocorra comigo e com nenhum outro profissional.

 

António Barata Bressan (Tony) - Brasil - Maio de 1985

 

GRACITA

Se as flores oferecidas perderam a frescura

As pétalas da saudade não murcharão jamais...

   Gracita, a tua vida na terra foi breve como gorjeio duma avezinha que passa. Partiste para a morada da eterna felicidade. Aí não nos esquecerás.

   Gracita, no dia em que partiste, tantas flores oferecidas e de lágrimas orvalhadas por aqueles que tanto te queriam! Mas,as pétalas murcharam e só as pétalas da saudade que deixaste, não murcharão jamais.

                    Se na terra eras lírio de pureza

                    E de sofrimento foste coroada,

                    Lá no Céu és donzela de beleza

                    E com Anjos estás acompanhada.

 

Esmeralda Neves - Figueira da Foz

                                        

NOS BRAÇOS DO SENHOR

A morte da jovem Graça Maria foi uma grande dor. Mas ao mesmo tempo foi alegria, porque foi para os braços do Senhor,

Esta jovem que foi chamada no Ano Internacional da Juventude, irá pedir por todos os jovens do mundo inteiro.

Ela não morreu, porque a nossa vida não acaba, apenas se transforma.

Deus tem nas suas mãos a alçma fde todo o ser vivente, e o sopro da vida de todos os homens.

 

Maria da Conceição - S. Silvestre - Coimbra

                                   

SAUDOSA GRAÇA MARIA

Era uma jovem onde despontava um sorriso meigo e fresco duma manhã de Primavera.

Virtuosa e Amiga de se dar com facilidade aos outros, a Gracita na Padaria fazia amizades com novos, velhos e crianças. A estas, ela dizia sempre: - "venham para a frente para eu vos ver". Como Jesus no Evangelho: - "Deixai vir a mim as criancinhas"...

Havia fregueses que criticavam, fora do balcão, esta atitude. A resposta da Graça era esta: -elas têm de ir para a Escola.

Se via uma velhinha curvada a abeirar-se do cesto dos bolos, a Gracita dizia: - esses não são bons para si. Leve destes que são mais baratos, e enchia-lhe o saco por uns escassos escudos, apercebendo-se do seu fraco poder de compra.

De perto apreciei muitos casos da sua benevolência, pois não havia, no seu coração bondoso, um não para ninguém.

Alegre, em plena juventude e cheia de sonhos cor-de-rosa, tudo terminava naquela tarde fatídica de 7 de Novembro, em que uma simples e estúpida operação ao seu bracinho, a prostou num hospital, com três meses de sofrimento impressionante.

O último Adeus, fez-me chorar amargamente e vimos lágrimas nos olhos de muitas pessoas porque a Gracita deixava em Góis profundas saudades.

Orei também pelas suas melhoras, mas só um dia iremos compreender o motivo por que Deus chamou cedo, tão cândida flor para a Sua companhia.

              Com saudade da Maria Celestina das Neves - Góis

 

PARA TI O AMOR ERA A PALAVRA MAIS BONITA

 

Tinhamos uma jóia querida

caída no mar da vida, sem bóia.

Não a podemos salvar

Pérola perdida

Que Deus encontrou e foi colocar

Nesse dia

Junto da Virgem Maria.

Para ti o Amor era a palavra mais bonita

A melhor

E mais bendita!

Uma grinalda em flor

Que tinhas no coração!

 

Saudosa lembrança da tia e madrinha Clarisse

                          

QUERIDA GRAÇA, QUEM NÃO TE CONHECIA?!

 

Com o teu sorriso doce e amigo, recordo sempre as últimas palavras que me deste: -Até daqui a sete dias...

Permitiu Deus, que pelos erros dos homens partisses para a Sua Eternidade e deixasses teus sonhos e alegrias.

Aí tens por companhia Anjos, Santos e Maria

Pede-lhes por nós, boa flor do Paraíso Celeste.

 

Com Saudade da prima Maria de Lurdes Pascoal (Milu) - Góis

 

                                                                

SER BOA

Vale a pena ser boa, simpática e alegre.                                                                                      

filha, boa irmã e amiga de todos os familiares e companheiros. Ser muito dedicada e servir os fregueses na Padaria de seus pais com amabilidade.

Todos estes predicados a Graça Maria possuia e para todos deixou bons exemplos e muitíssimas saudades.

Partiste! Mas, naquela esperança de que tudo não passasse de um sonho. E afinal aconteceu a triste realidade! Porque nunca mais ouvimos a tua linda voz!...

Lembranças da prima Adelaide B. Sanches - Góis

 

AMIGUINHA

Gracita! tenho pena de te não ver!

E não te posso esquecer

Porque sou pobrezinha, mas eras minha amiguinha

Quando ia ao pão,

Dávas-me,as vezes, uma arrufada na mão

Que levava na sacola

Muito contente para a escola.

Sacola bonita que me deste também.

Boa Gracita! Por tanto carinho

Te mando um beijinho, daqui para o Céu!

 

Judite Raquel (Dite) Góis

 VIVA PRESENÇA

Gracita! É impossível descrever numas poucas linhas o tanto que tenho para te contar... desde a última vez que estivemos juntas,a última não,a penúltima,porque eu tento esquecer em cada dia que passa.

É uma lembrança que machuca de mais, deixa marcas profundas no meu coração e às vezes deixa-me culpada, por estar viva, quando tu amavas tanto a vida foste forçada a partir.

Mas duma coisa eu tenho a certeza Graça,tu estás presente,tão

presente, como naqueles dias já tão distantes quando íamos para a Escola, quando brincávamos juntas,eu,tu,a Célia e os nossos aniversários e naquelas tardes de Domingo, como era bom viver, ser jovem e sermos amigas.

Não consigo entender o porquê de tudo isto,talvez eu prefira até ignorar o motivo destas palavras, deixa-me pensar que essa viagem um dia vai ter fim. Que seria de nós se a vida não fosse um sonho?

Graça,ainda no Domingo, 2 de Junho, naquele encontro de milhares de jovens em Coimbra, embora pareça estranho,eu senti a tua presença,tão viva, como se  te tivesse tocado, eu senti que estavas ali ao nosso lado e que nos acompanhaste sempre. Ali eu tive a certeza de que és inesquecível!...E mais do que uma doce lembrança, és presença constante.

Eu teria muito mais a escrever, mas esta mágoa diz-me que muito mais importante do que as palavras que dizemoa é aquilo que sentimos e transmitimos de coração para coração. Eu sei que me entendes, sempre me entendeste muito bem.

Não vou continuar, pois uma lágrima teimosa, corre no meu rosto e deixa um rasto de saudade que faz doer muito...

Gracita, até ao nosso encontro. Até quando Deus nos quiser reunir novamente.

Um beijo saudoso desta tua amiguita

Maria Teresa Rosa (Tita)

              Tita

Relendo esta mensagem com muito sentimento e porque me vieram lágrimas aos olhos eu não podia deixar de não gravar aqui a fotografia da "nossa Tita" querida também, que

teve de ir ao encontra da Graça em 22 de Janeiro de 2001. Uma alma digna com todos os atributos morais e espirituais de que ela era também possuidora. Eu creio que elas convivem agora juntas como dantes. Tanto ela como a Gracita são merecedoras das abundantes graças do Senhor. C.B.S.

 

GRAÇA ERA O TEU NOME

 

Não te conheci.Sei de ti alguma coisa através da tua tia Clarisse. Graça era o teu nome. E tu eras uma graça que a todos enfeitiçavas com a tua alma pura e cândida. Lamento que a tua vida tão cedo partisse para o Céu. Tanta dor e tanta saudade deixaste na Terra!

Enquanto a vida de teus pais e família for vida, tu viverás eternamente na sua memória e com o mesmo amor e a mesma ternura que te davam quando ainda a este mundo pertencias. Que Deus dê descanso à tua alma.

Blanchete Gonçalves - Castelões - Vale de Cambra

QUE DEUS TE PAGUE

Gracita! Frequaentavas o Ciclo de Góis e eu também. Jamais poderei esquecer quem numa tarde amena me salvou a vida. Tomávamos banho nos balneários. Todos saíram e eu fiquei debaixo de água.

Só tu, minha amiga, notaste a minha falta, e gritaste neste momento de braços no ar e voz aflitiva: - Falta o Valdemar! Falta o Valdemar! Lá me tiraram então, inaminado de forças para reanimação.

O destino atroz num mundo desatento, levou-te do nosso convívio em plena mocidade, quanto tanto de ti havia a esperar...

Moça bondosa, simples, comunicativa estarás sempre presente na juventude de hoje, como lembrança grata de um nome digno que deixaste.

E eu, Gracita, mais do que todos te vou recordar com pena, por que te devo a vida. Vida preciosa que em ti não souberam preservar.

 

Com reconhecimento e saudade do ex-condiscíplo

         Valdemar Alves Nunes - Cadafaz - Góis 

GRACITA ERA ASSIM:

Talvez por que não tenho muito poder de observação, foi-me sempre difícil distinguir as duas irmãs. Por isso, mesmo, quando as encontrava a ambas, ou uma de cada vez, perguntava: - Tu és a Graça ou a Célia?

Decerto que ela pensou que eu, com o tempo, passaria a distingui-las. Mas, como tal não acontecesse e talvez para me evitar a pergunta, quando se abeirava de mim, dizia cheia de encanto, e um tanto trocista: - "Eu sou a Graça".

É uma recordação bem viva e agradável esta, que tenho dela, mas lembro-me de outra, que não posso deixar de registar aqui.Eram fins duma tarde de Setembro. O tempo estava quente, mas ela foi dentro de casa buscar um casaco de malha leve. Ao mesmo tempo que descia os degraus da escada, a dois a dois, dizia para a mãe: - Se o Carlos telefonar, diga-lhe que eu fui aos Bombeiros, que telefone mais tarde, ou depois eu ligo para lá.

Era tão exuberante a sua alegria, resplandecia tanta felicidade no seu rosto, era tão brilhante o seu olhar, que, com o ar um tanto malicioso, perguntei-lhe: - Mas o que  é que tens?...

Já quase na estrada, voltou-se e disse: - Nada, prima... E desapareceu, rumo ao Quartel dos Bombeiros.

É fantástico como este "nada prima", dito daquela maneira, e de sorriso no rosto, para mim teve um significado totalmente oposto! Para mim esta frase quereria dizer: - Tenho tudo! Sou feliz! Porque ninguém podia duvidar, ao vê-la neste dia, de que ela era realmente feliz.

Talvez, porque na Terra a felicidade jamais é duradoira, Deus quis dar-lhe outra felicidade. A de estar junto Dele para sempre.

 

Jamais te esquese a prima Maria Emilía - Várzea Pequena - Góis

MINHA ETERNA GRATIDÃO À SAUDOSA GRACITA

 

Há muita gente no mundo/ Que é bem triste qu'rer morrer

Mas tu, querida Gracita/ Tanto ansiavas viver

 

Tua vida foi exemplar/Teu porte digno e nobre,

Teu lema era fazer bem/Quer ao rico, quer ao pobre

 

De tanto bem que fizeste/ Algo há a salientar,

Porque tu salvaste a vida/ Do meu filho Valdemar.

 

A tua imagem de santa/Está em nós bem gravada,

E a tua alta nobreza/Será sempre recordada.

 

Que Deus te tenha na Sua Santa Glória!

A tua amiga muito reconhecida:

 Arminda de Jesus Alves Martins Nunes - Cadafaz- Góis

                                        

Com uma certa amargura na imaginação, devido ao sofrimento que tiveste, penso que te purificaste.

Recordo com saudade a nossa amizade:

Gina Gama . Góis

NO MEU DESESPERO

Gracita! Não há palavras que expliquem o sentimento que nutro em mim, o desespero que eu senti, a revolta contra todos e mesmo contra Deus.

Sim, por que eu cheguei a duvidar de Deus e do seu amor. Por que acho impossível uma jovem tão boa como tu desapareceres da nossa vida...

Mas agora pensando melhor, DEUS é muito generoso e bom, e só quer pessoas boas junto Dele.

Não tens que chorar mais! Não tens que sofrer mais!

Esta passagem no mundo é muito dura...

Agora com grande esperança de ir para junto de ti, porque a vida é efémera.

            Muitas saudades da amiga de sempre

                   Rosário Rosa (Nana) Góis

GRACITA

Deus tirou-te deste mundo "sujo" e cruel, onde o rancor e o egoísmo comandam a vida e levou-te para um Paraíso azul, onde impera a bondade e a pureza do teu ser.

À tua volta sempre crescerão flores doridas que irão aliviar a nossa dor.

            Grandes saudades - Paula Almeida - Góis

A NATUREZA CHOROU

Acordei com alguém a chorar! Era um choro de alguém desesperado.

Ouço o meu pai chorar com alguém. Era a tua mãe. Eu nem sabia que tu tinhas sido operada, que não tinhas "acordado". E nunca pela minha mente passou a ideia de que nunca mais acordarias!!!

Tinha ainda presente a tua imagem alegre, correndo no teu quintal. Começou, então, dentro de mim a crescer a necessidade, de ir ao hospital ver-te.

Fui. Mas não há palavras que possam exprimir tudo o que senti ao ver-te. O olhar perdido sem te poderes mexer. E então senti-me pequenina, impotente.Estava ali ao teu lado, queria ajudar-te, fazer algo por ti e não podia. Saí com um nó na garganta e lágrimas nos olhos.

Durante três meses tu sofreste!

Durante três meses os teus parentes acompanharam o teu sofrimento. Sofreram contigo. Mas estavas viva, e enquanto há vida, há esperança.

Em Góis caiu pesadamente a notícia da tua morte, e chegou o dia do triste cortejo. No Mártir juntaram-se centenas de pessoas. Nesse dia parecia-me até que a Natureza chorava a tua partida,

Choveu muito, o vento não deixou de soprar, e o rio corria forte como que, demonstrando os seus sentimentos. A este pranto, juntou-se o nosso. Acompanhamos-te à tua última morada na Terra. Eu não podia, e não posso deixar de perguntar: "Porquê tanto sofrimento? Por que é que ela sofreu tanto, se tinha que morrer? Porquê meu Deus?

Parece mentira! Parece que foste de viagem longa e não apareces... A tristeza se mudou para a casa ao lado da minha.

Com saudades da amiga

                                 Bélita Sampaio - Góis  

AMIGA E COMPANHEIRA

Estou a ver-te no dia que nós, as duas Graças e tua mana Célia demos entrada na Escola Primária.

Tendo dificuldade em distinguir-te da tua irmã gémea, um dia disseste-me: - Olha, Graça, para me conheceres bem, repara num sinal pequenino que tenho no nariz...

Recordo com saudade aqueles dias que trazia o meu farnelito na saca e tu me chamavas para ir almoçar contigo, dizendo-me: - o teu comer guarda-o para logo, hoje tenho lá puré de batata que que gostas muito.

Ainda na Catequese continuámos com a mesma amizade. Foste sempre uma companheira amiga simples e boa.

Senti muito a tua falta inesperada, assim como a do meu saudoso marido, que te seguiu para o Céu em 14 de Abril.

Que Deus vos tenha em santa Glória, intercedendo por nós.

   Alice Graça - Val Moreiro - Góis

 

Nesse jeitinho gaiato, a tua simplicidade florescia no teu olhar de esperança, a meiguice e a confiança.

                   Com saudades das primas

                   Dulce Maria e Carla Edite - Coimbra

 

A Gracita viveu pouco, mas pelo que pude conhecer a seu respeito a missão dela foi cumprida diante de Deus...

   Lembrança da prima

                    Anália Barata Bressan - Brasil

 GRACITA EU PENSO EM TI

Começo a escrever e os meus olhos, se enchem de lágrimas, Por vezes é me difícil acreditar na realidade. Realidade esta, que deixou em todas as pessoas que te conheciam muita tristeza, muitos porquês, e até ódio.

Eu quando penso em ti (que são muitas as vezes) quando me lembro de como eras e de como te vi no hospital em Coimbra, sinto uma coisa esquisita, como um pesadelo.

Primeiro foi o teu estado em coma, depois os dias horríveis que daí divergiram.

Na rua, em casa, e nos carros, todos os dias se ouviam as pessoas perguntarem se a Gracita tinha melhoras. Todos nós ansiosos por uma melhora tua, que por muito pequena que fosse, para nós tornava-se numa esperança ainda maior.

Por fim a tua triste morte.

       Com saudade de Mila Ferreira - Góis

                                             

 Se já viveste e amaste/ Em sorrisos de esperança

A GRACITA E OS POBRES

07.01.10, canticosdabeira

COMO SEMPRE

 

 MUITO AIROSA A NOSSA GRACITA! 

 

 

Gracita à direita no dia em que completava 20 anos de idade.Com os amigos João Alexandre e Maria do Rosário (Nana).

  

A GRACITA E OS POBRES

 

Em oito de Fevereiro ela partia

Para a Pátria do Céu, mártir Gracita,

Causou grande pesar essa desdita...

De luto ficou Góis, desde esse dia.

 

Nessa bondosa alma brilharia

Algo de santa, porque em voz bonita

Dizia ao ver carcaça mais fraquita:

- Oh, quem a fez, vendê-la é que devia.

 

Contam que a Graça ao pai dizia isto:

- Pão de ontem eu não vendo, o que lhe sobre

Dê aos pobres,que mais dá Jesus Cristo...

 

Talvez isso dissesse em gesto nobre,

Como a Rainha Santa, que p'lo visto...

Tudo fez p'ra matar a fome ao pobre.

 

Góis, 1985 - Rodrigues Dias

 

Com lágrimas de singela recordação e saudade, a lembrança da minha dor. Que nesse mundo maravilhoso onde estás, nunca nos esqueças.

Da amiga de sempre

                                Guida Dias

 

SAUDADES DE AMOR

Fazias agora vinte e quatro anos,

Alegres no Céu, na Terra saudosa,

Nós inda cá estamos no mundo de enganos

E tu no Senhor, oh minha branca rosa.

 

Chorámos de pena por cá te não ver.

Mas eu sei que vives com outras donzelas

E Jesus também com Maria a fazer

O bolinho doce com flores e velas.

 

Como em outros anos eu não esqueci

Um dia tão qu´rido e comovedor.

Se passaram meses e eu te não vi

Bem triste te mando Saudades de Amor!

 

Com cravos e pranto da tia Clarisse- 18/06/1985

                           

NO PAIS SANTO

Tive a ocasião de contactar com a Graça Maria em Setembro de 1984. Como sempre, alegre e simpática a atender  os clientes na Padaria de seu pai.

A sua partida para o Além, foi bem dolorosa para si, familiares e amigos, que nós compartilhamos também.

Mas, lembremo-nos de que o mundo é breve e enganador. Gracita foi conquistar o País Santo, onde vivem os justos, na companhia de Jesus e Maria.

Singela homenagem de Isaura Nogueira de Carvalho.

Carcavelos - Lisboa

 

GRACITA ENTRE OS ELEITOS DO SENHOR

 

Porque era uma jovem muito querida, Deus escolheu-a para a sua corte celestial. Ali, eu sei que está feliz, entre os eleitos do Senhor e junto de minha irmã Ilda que deixou o mundo também no fulgor da mocidade.

Deus escreve direito por linhas tortas e se permitiu a interrupção de uma vida em flor cheia de graça e de encanto, foi para seu bem. Só que, nos está vedado conhecer o maravilhoso intento do Senhor.

A despedida na terra foi triste, mas vai ser alegre o dia do reencontro da Graça com os seus familiares e amigos, no Paraíso.

 

Com saudade da prima Maria Celeste Campos Nogueira e família.

Carcavelos - Lisboa.

DEIXEI-TE PARTIR

Gracita! Será que nunca mais te verei? Nem contigo poderei estar?

Deixei-te partir, sem nada poder fazer.

Na Terra jamais contigo poderei compartilhar aqueles dias felizes e amargos, horas alegres e tristes, que juntas ainda passámos. Partiste para um mundo desconhecido e lindo talvez! Hoje, eu só posso lembrar o teu rosto que sempre demonstrou felicidade e simpatia.

A amiga que sempre te recordará até os dias se tornarem também escuros.

Com saudade de Zá Alvarinhas - Góis

LIBERTAÇÃO

Deus tem no Além diferentes moradas

No seu reino aonde a Bendita Luz,

Confirma o que foi predito por Jesus

As almas têm paz, quando ali são chegadas.

 

Havendo partido de tanta ilusão,

Para entrar naquela verdadeira vida,

Nos leva a esquecer toda a mágoa sofrida,

Louvando o Senhor pela Libertação.

 

Não é poesia, crendice, é verdade

Que através do tempo, tem sido negada,

A vida na Terra é expiação dada,

Até que se chegue à perfeita humanidade.

 

Libertados aqueles que vão para o Além

E de lá contemplam com piedade a Terra,

Crueldade e fome, peste, horror de guerra,

Da que se aproxima, não escapa ninguém.

 

GRAÇA, louva a Deus Sua caridade,

A que se opõe nosso amor e razão.

E tu só ficaste presa ao coração

Aos pais e amigos em Eterna Saudade!

 

José de Moura Paulo - Folques

 

LUZ NA ETERNIDADE 

Andavas contente a idealizar

Um lar Cristão digno, de amor e ternura,

Andavas alegre e a delinear

Com muita esperança, a vida futura.

 

Mas olha, na Terra, oh meiga donzela

Há muita contenda e é vão o amor;

Jesus com carinho, minha santa bela

Deu-te no Céu lindo, ventura maior.

 

Que mundo de enganos, oh doce Gracita

Jamais tenhas pena dele nem saudade!

Se Deus te levou, oh Dália bonita,

Foi, sim, para seres feliz na Eternidade!

 

Inesquecível saudade da amiga Iolanda . V. N. do Ceira

                                     

GRACITA

Recordarei con saudade/ O teu sorriso fagueiro,

E a tua boa amizade,/ Quer me deste por inteiro.

 

Não fui íntima amiga, sei,/Fui mais uma "conhecida"

Mas nunca te esquecerei,/ Ao longo de toda a vida.

 

Deixate-nos muito só/Foi Deus que te quis levar,

Nem com o tempo este dó,/ Vou conseguir apagar,

 

Partiste para o Além/ E que triste despedida!

Que Deus te compense bem/ O teu sofrimento em vida.

 

Tina Neves - Cadafaz - Góis

                                      

PERDI UMA AMIGA

Ofegante de sofrimento, a Gracita queria, por vezes chorar, lan;ando dos seus olhos cerrados, lagrimas de desespero, aflição e saudade dos que a rodeavam.

Brotando soluços de piedade e esperança. Esperança de voltar a viver no seu mundo... Esperança de voltar a rever os seus amigos, aqueles que apelavam a sua sobrevivência... Esperança de voltar a apertar uma mão  amiga, terna, carinhosa, com amor...

Uma jovem que sofria os erros da medicina!...

Todos que a rodeavam, lamentavam o seu estado, inconsciente, sem recuperação.

Todos confundiam cada cada vez mais, cada dia que passava... O desespero com a esperança, com a saudade da Gracita, tal como era, alegre, sempre pronta a ajudar o próximo, aquele que precisava!...

Todos tentavam transferir a dor daquela inocente jovem para cada um, pensando conseguir desanuviar o seu sofrimento...

Tudo isso era inevitável, sem resposta positiva, sem resultado. Pobre Gracita, tanto medo, tanto receio antes de submeter a tal intervenção...

Logo teve força de vontade, logo escolheu o médico, logo escolheu a morte!...

Alguém a incentivou... Ela cedeu...

De tal maneira que tendo-se tornado fácil, sem consequências, nem perigo... Mas tudo correu mal...

Passando por ela a nuvem negra que a levou, a afastar-se de tudo e de todos...

Foi naquele dia 8 de Fevereiro que perdi um elo da minha longa corrente de amigos sinceros.

Horrenda e destruidora morte que veio desmoronar parte do meu castelo de felicidade, perdendo uma amiga sincera, mas esta para sempre, partindo para o mundo do invisível... Pobre Gracita!

 

Com saudade da amiga Dina Teresa Neves - Coimbra

                                    

GRAÇA - UMA AMIGA PERDIDA

Não podemos deixar de lembrar também aqui um nome que não mais se apaga da nossa memória e se chamou GRAÇA MARIA. Um nome digno que ficará eternamente unido à Liga dos Amigos de Bordeiro, da qual foi sócia nº 67, amiga dedicada e grande impulsionadora em todos os seus planos.

Prestimoso elemento da Liga, em nada queria ficar alheia às lides desta Casa.

Até mesmo em Góis, nos jogos nocturnos da sua e nossa equipa, gritava com todo o seu entusiasmo. - Bordeiro! Bordeiro! Fosse qual fosse o resultado.

Era verdadeiramente Bordeirense, por laços maternos! Bordeiro contava a sério com ela nas horas amargas e felizes da sua vida! Sempre de mãos dadas, tudo ajudava a resolver!

Quem se não lembra da Graça, com a sua alegre juventude? Quem se não lembra de a ver airosa na sua bicicleta com as primas e amigas em convívio, dando largas à sua natural alegria?

Por todos, amigos velhos e crianças sem distinção de idade e condição social, ela repartia palavras de carinho e amizade.

Que Deus te proteja no mundo em que vives agora pelos teus feitos na terra como SANTA.

Com inolvidável saudade de todos os amigos da Liga dos Amigos de Bordeiro.

       Adelino Lopes Pinto - Bordeiro

 

LEMBRANDO A MINHA AMIGA GRAÇA

A vida pode conter muitas injustiças, mas maior injustiça que a morte, não é possível conceber e muito menos aceitar, quando se é jovem e se tem vontade de viver, quando se tem a cabeça repleta de sonhos e ilusões que nunca se chegaram a concretizar. Naqueles que "a" conheceram de perto é impossível não ficar um sentimento amargo de revolta, de dor e de saudade.

Graça Bandeira - Quinta do moínho - Bordeiro

(Jovem há pouco licenciada pela Universidade de Coimbra)

                                               

A GRAÇA - QUE BORDEIRO ILUMINOU!

 

Foste uma estrela brilhante/ Que Bordeiro iluminou...

De sorriso deslumbrante,/Tão cedo Deus te levou,

 

Na Primavera da Vida/ E com olhar de esperança,

Foi bem triste a despedida/Que gravamos na lembrança.

 

Pensou levar-te Jesus/ E ser de anjos companheira,

Por seres esp'rito de luz/ E boa à Sua maneira.

 

Com saudade de Fernando Neves Simões e esposa - Bordeiro

                                    

GRAÇA

Partiste. Foi duro, muito duro perder-te, mas eu compreendo que para ti foi melhor, pois o teu sofrimento era muito grande a já nada havia a fazer.

Custou-me muito aceitar o desenlace e às vezes penso viver um sonho. Para mim tu não morreste, tu viverás sempre no meu coração.

A tua imagem jamais se apagará da minha memória, pois recordar-te-ei com muita saudade.

Da prima e amiga Cândida Pascoal - Góis 

                                 

Graça Sanches.jpg

Morreu a Gracita! A flor fez-se Terra!

Floriu no jardim dos seus pais - mas vento agreste a tombou...

Não lhe pousou boca sedenta de beijos, em seu futuro jardim.

Alguém reparou? Naquela mortalha?

- Um lindo lençol de linho bordado a madressilva!

Sonhos, com ela partiam...

Morreu a Gracita! Passou tanto tempo, mas que vejo eu?!

 

Ali...Ali... Na sua supultura, floriu uma madresilva!

Junto um malmequer de oito pétalas

Quem deitaria a semente? Talvez fosse...

-JESUS -

Ofereço-te este lindo poema, oh moça que te não conheci. - Mas se gostavas de crianças e velhinhos, um dia nos vamos encontrar.

 João Custódio - Lisboa

Gracita, jamais poderei esquecer o teu olhar luminoso, numa expressão de verdadeira ternunra, que o Céu nos levou.

Comovo-me sempre ante o teu túmulo, quando ali vou, mais a Cláudia, depor cravos brancos a condizerem com a brancura e pureza da tua alma.

Muitas saudades da amiga

Ana Rute (Anita da Farmácia) - Góis

 

GRACITA

Será que tudo acabou/ No dia que tu partiste?

Talvez não.A dor ficou/ Dentro do coração triste.

 

Agora sonho contigo,/ Voltando-me para mim,

Vejo esse mundo sem p'rigo/ Só neste acontece assim.

 

Agora estou para aqui,/ Com saudade a meditar

No bem que te conheci/ E apetece-me chorar.

 

Numa lágrima eu vira/ Sinal de tanto sofrer.

Até parece mentira...E eu não consigo esquecer.

 

Da amiga e vizinha Maria Adelaide V. Coelho - Góis

 

FORAM 23 ANOS

23 anos de amor, carinho e muita felicidade.

Querida GRACITA, sempre foste aquela amiga simpática, sincera e generosa...

Recordarei sempre aquele dia triste em que, entre soluços e lágrimas me despedi de ti.

Jamsis esquecerei o teu sorriso; jamais apagarei a tua lembrança de dentro de mim.

Com muita saudade de Isabel Matos - Góis

NO REINO DE DEUS LEMBRA-TE DE NÓS

Sobre o drama da nossa estimada Gracita, preferia esquecê.lo, mas é facto que cada dia que passa, ele aviva mais a minha memória e retalha o meu coração cheio de pena.

  O nosso grupo de jovens de Góis e Bordeiro ficou mais empobrecido, desalentado e até desesperado.

  Moça alegre e sonhadora, saiu de Góis porque os especialistas de Coimbra lhe disseram que ela ficaria boa do seu braço se, se sujeitasse a uma operação relativamente simples, Feitas as análises e tiradas as radiografias precisas, ninguém a desencorajou...

Por isso ela entrou na tarde de 7-11.1984 no bloco operatório da Clínica de Santa Filomena, confiante. Manda a irmã comprar bolos e buscar umas fotografias, bolos que já não pode comer e fotografias que já não contemplou.

  A Gracita não acordou como se previa, e o seu anestesista saíra apressado da Clínica.

 Os colegas diziam: - esta situação normaliza, mas até hoje ninguém explicou o motivo do triste insucesso.

Três meses de penoso sofrimento, sem nos poder ver, falar e até apertar a nossa mão amiga.

Foi lembrado levá-la ao Estrangeiro, mas não havia ali tratamento possível para pôr o seu cérebro a funcionar. Feito um electroencefalograma, foi este mesmo observado em França, sabendo-se que ele revelava edema craneano, possivelmente devido a erro clínico.

A Graça Maria teve de partir no verdor dos anos, deixando-nos, nós os jovens entristecidos e horrorizados ante a tragédia, que vivemos ainda como um sonho negro.

Ela queria ficar com o seu braço direito melhor, para com ele ser útil e dar uma ajuda aos amigos. Pegar nas crianças à sua vontade e acariciá-las, enfim, ela desejava ter um braço eficiente que, ao longo da vida, não mais saísse do seu devido lugar.

Pobre Gracita! Que sorte lhe estava reservada, sem o merecer. Ainda o ano passado numa peregrinação a Fátima eu recordo com saudade, todo o seu entusiasmo e animação.No Cortejo de Oferendas a favor doa Bombeiros, realizado em Setembro de 1984, ela emprestou todo o empanhamento, para que o seu Bairro do  "Pé-Salgado" brilhasse entre os demais.

As pessoas da vila e arredores sentiram a sua falta, amável na Padria, donairosa na rua, e em casa jovial como alegre cotovia.

Jovem íntegra e de moral responsável, realçava nela a beleza da simplicidade.

Góis perdeu uma das suas melhores jovens e nós perdemos uma das mais dedicadas Amigas.

Ao curvar-me perante a sua recordação grata, te pedimos Gracita:

No Reino da Paz, no Reino do Amor e no Reino de Deus, onde deves estar,lembra-te dos jovens da tua Terra,

 

Homenagem de uma jovem amiga - 21.07-1985 - Góis

 

LEMBRANDO A GRACINHA

Convivi de perto com a Gracinha, quando ela frequentava o Ciclo Preparatório e eu ali trabalhava como cozinheira. Diferençava-a das suas companheiras, como menina simples e amorosa. Por vezes encontrava-a triste e chorosa, sem sabermos a causa da sua tristeza.

Durante os intervalos ela vinha à cozinha e repartia connosco dos bolos que trazia. Se nos via embaraçadas nos serviços, ajudava nas tarefas. Muitas vezes, com algumas colegas da turma, nos descacava as batatas, se a descascadeira se avariava.

A Gracinha morreu, mas o tempo que viveu, aproveitou-o a fazer amizades. No nosso coração viverá eternamente.

 

Com saudades e preces da velha amiga

Leontina Rosa . Góis - S. Paulo

 

GRACINHA ERA MUITO MEIGUINHA

Ao receber no Brasil/Esta notícia dolente

Eu senti saudades mil/ E chorei amargamente.

 

Gracinha com quem brinquei/ E tinha perdido a vida.

Louca de pena lembrei/ A minha Amiga querida.

 

Em Portugal e de novo/ Senti a falta co'a mana,

Porque a Gracinha entre o povo/ Era meiguinha e "bacana".

 

Com um Adeus até ao Céu da Luciana Henriques - Góis - Brasil

GRACITA AMIGA DAS CRIANÇAS

07.01.10, canticosdabeira

  GRACITA E OS PRIMOS

 

 

 

GRACITA

 

Como foi bela a nossa adolescência, principalmente as nossas férias aí passadas em Bordeiro ou até mesmo na tua casa!

Tu jamais poderás ser esquecida por nós, por todas as horas alegres que juntas passámos. Quantos sonhos em voz alta contigo sonhámos.

Quantos planos da nossa juventude ao meu lado foram planeados...

Tu, Gracita, eras uma prima com todas as letras e nós contigo contávamos em qualquer momento, bom ou mau, pois tínhamos a certeza de que, nunca nos cruzarias os braços se precisássemos da tua ajuda. Talvez por seres tão boa é que Deus te tirou deste mundo de ódio e de guerra,no qual as pessoas boas não podem ter lugar. Então, foi por isso que o Senhor te levou e escolheu o melhor para ti, para que no Céu possas servir como estavas aqui a servir o teu próximo de braços abertos e com muito amor, apesar de muitos não o merecerem.

 

Com um enorme beijo cheio de saudades das primas

Ana Leonor e Carla Cristina - Lisboa

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GRACITA

Em ti graça sempre havia/ Amiga com quem contar

Se lembro a tua alegria/ Logo começo a chorar.

 

 Maria José Alves (Zézita) - Góis

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 NA CASA DO PAI NOS HAVEMOS ENCONTRAR 

Oh Graça foste connosco/ A pé à Cova da Iria

Cumprindo as nossas promessas/ Com fé na Virgem Maria.

 

Tu com com fé e nós com fé/No meio da multidão

A Virgem Mãe encontrou/ Ali nosso coração.

 

Morreste na esperança/ Duma promessa cumprida,

E nós na esperança ficámos/ Da nossa também merecida.

 

Com amor e com glória/ Nos havemos de encontrar

Na Casa do nosso Pai/ Com nossa Mãe a rezar.

                                         

Que Deus te acompanhe no Reino do Ceu.

Singela homenagem de Jaime de Almeida e esposa- Val Moreiro-Góis 

 

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INESQUECÍVEL GRACITA 

Estive contigo na manhã do  dia que partiste para Coimbra.

Sentada sobre a cama da tua avó, contaste que ias para ser operada ao braço. Querida Gracita, vivi o teu drama muito sentidamente e hoje conservo gravado na lembrança o teu angélico sorriso daquele momento.

No Reino do Amor e da Graça, para onde Deus te levou, lembra-te de nós, boa Gracita.

Com enorme saudade da amiga

  Maria Júlia Duarte Alves e família - Lisboa

      

TRISTE DOMINGO 

Domingo onze de Novembro de 1984. Recebemos em Góis uma notícia animadora. A Gracita tinha tomado um iogurte...

Após esta réstia de esperança, uma nova aterradora! Alguém do lado de lá da linha telefónica me dizia - O estado da sua sobrinha poderá ser irrecuperável....

Imagine-se como fiquei, recebendo esta comunicação directamente de um médico. Foi como me dessem um tiro...

Aterrorizada, e de olhos no Céu, lá vou a caminho da Igreja rogar com lágrimas a intercessão de Deus na Eucaristia, pelas melhoras da nossa menina, e todos os fieis ali reunidos se uniram a minha prece.

Fui depois como de costume visitar a senhora Zulmira, doente em sofrimento há alguns anos e pedi-lhe aflita e a seu marido sr. José Guerra que orassem pela Gracinha.

Vindo do Pé Salgado um carro parou junto de mim e a D. Celeste de Bordeiro, ofereceu-me transporte que aceitei para ir visitar a nossa doentinha a Coimbra.

Ao Mártir passava uma senhora que se dirigia ao culto Evangélico. Mandei parar o carro e pedi-lhe uma prece pela Graça Maria.

Chegados à Clínica de Santa Filomena, a Célia diz-me: - a tia agora não chore, que ela pode ouvir.

A sala de estar estava repleta de familiares e amigos. Todos de olhar penoso falavam em voz baixa. No quarto contíguo a minha querida menina debatia-se com a doença introduzida no seu cérebro. Fazia esforço para abrir os lindos olhos, mas não podia. Por vezes abria a boca muito e fazia um ruído forte a fechá-la, como querendo despertar de um longo sono.

Lembrei-me naquele momento da Sãozinha, mártir também da dor, que teve de deixar o mundo em 1940 apenas com dezassete anos de idade.  

Aproximava-se a noite e uma enfermeira veio dar-lhe o alimento por uma sonda aplicada no nariz. Que tormento!

Perante um aspecto comovente e tão grave da nossa Gracinha o sr. António F. Bandeira, de Bordeiro, dirigiu-se a mim nestes termos: Isto é que está aqui um trabalho!!!

Porque a não levaram à reanimação?

Porque durante aquelas horas todas, não apareceu ali um médico de serviço?

Porque o amparo médico se manifestava numa Clínica particular e neste caso grave, tão desinteressado?!

Confesso que saí dali muito impressionada e pesarosa, deixando a minha Gracinha, lutando só, assim se pode dizer, com o efeito nefasto duma operação simples a um braço, que se tornaria numa complicadíssima e malograda intervenção cirúrgica.

De medicina não entendo. Mas, se lhe foram feitas as análises necessárias, tantas radiografias, todos os exames precisos e nada fazia prever o insucesso, que foi então que falhou?

Se, efectivamente, houve erro clínico, negligência ou mesmo um acidente, prefiro não o recordar, porque já nada nos poderá levar a recuperar a nossa querida Graça.

Deus saberá recompensar a minha flor tão bela, pelo martírio que teve de passar, e encarregar-se-á de colocar um aviso na consciência dos responsáveis pelo drama que tornou infeliz uma família que até ali vivia tranquila e hoje sente a maior amargura no seu coração.

 

Clarisse Barata Sanches - Góis 

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PARA GRAÇA MARIA

De ser poeta tenho as minhas pretenções,

Prestando-te homenagem, escrevia poesias

Com amor e sinceridade... mas frias,

Porque amarrada ainda estou às convenções.

 

Só a verdade as almas bem conforta,

Queria eu ter uma maior certeza,

Como apreciarias a minha gentileza,

E voando até ao Astral, bati à tua porta.

 

Recebeste-me com deslumbrante sorriso!

A tua morada de Luz convida à alegria!

Jamais esquecerei aquele teu bom dia,

De quem vive em Paz no Paraíso!

 

Convidaste-me a uma sentida oração

Porque tu conquistaste, e eu quero conquistar a Luz;

Aquela que envolve o Céu e a Terra - É Jesus

Confirmando a Ressurreição!

 

José Moura Paula - Folques

 

 

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FLOR EM BOTÃO NA ETERNIDADE

Lembrando

A Graça Maria da Cunha Sanches a Graça Maria

 

     Graciosa e linda menina

        Risonha de fé e de amor,

          A Gracita era divina

             Com os seus anos em flor.

                Infeliz e sem maldade,

                   Teve triste fim e dor

                      Agora, em Góis na Saudade.

 

Anselmo dos Santos Ferreira

(Elmanso Beirão - Soure - 4/IV/1985

 

  A VIDA É COMO UM METEORO QUE PASSA NO TEMPO

 

A morte é sempre drama, porque é o fim de tudo. E uma fatalidade indeclinável que ninguém pode evitar.

E se é realmente dramático morrer, mesmo quando se é velho, o drama acaba por ser mais doloroso ainda quando se morre de novo e não se chega a conhecer a vida em toda a sua plenitude.

Mas a vida é como um meteoro que passa no tempo. E se a vida da Graça Maria pouco tempo lhe deu para conhecer, durante aquele estádio natural que a cada um pertenceria viver, a alegria e o gosto pela vida que lhe caberiam, também por outro lado, mal teve tempo para conhecer o lado mau que a vida sempre nos traz - o desánimo, a tristeza, a dor e o desespero, numa longa existência.

Que este seja o linitivo reconfortante para os ente queridos que a rodearam.

António Lopes Machado - Lisboa

                                        

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                              JUSTA HOMENAGEM

Dedicar um livrinho à Gracinha, é uma forma sentimental de continuar em constante pensamento com um ente tão querido que Deus a Si chamou na flor da vida. O seu sofrimento foi uma purificação, não se perdeu, porque Deus nunca desampara os que sofrem.

 

Alice Pimentel - Armamar 

 

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                                                   IV  e última Parte

 

 

 

 

            

 

 

 Gracita distraindo os sobrinhos Paulo e Catarina, de quem era muitíssima AMIGA

 

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EIS AGORA A TRANCRIÇÃO

             DO DRAMA EM ALGUNS JORNAIS

 

GRACINHA DO CORAÇÃO

             NÃO PODE ESQUECER-SE MAIS...

 

 

 

Senhor, vós fostes para nós refúgio de geração em geração.Os nossos anos dissipam-se como um suspiro. Memória eterna terá o justo. Salmos 90 - 1-9  - 112-6

 

 

 

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UMA FLOR VOOU PARA O CÉU

 

Oito de Novembro de 1984 a notícia correu célere por toda a vila e arredores, propagando-se, depois, por diversos pontos do País e até do estrangeiro o triste acontecimento foi conhecido e lamentado.

Filha extremecida do sr. Augusto B. Neves Sanches e de D. Deolinda Barata da Cunha, a menina Graça Maria sujeitara-se na véspera a uma simples intervenção cirúrgica ao braço direito. Os médicos, nesse dia, à tarde, sossegaram a mãe, dizendo-lhe: - tudo correu bem, ela desperta à meia noite...

Pela manhá a mana Célia telefonou da Clínica aos pais: - a Graça ainda não acordou.

Momentos de dor e de aflição para os pobres pais que abalam a correr para Coimbra a informarem-se do sucedido. Um exame especial revelou edema craniano. Estado gravíssimo, possivelmente devido a falta de oxigénio, quase no findar da operação!

Doze de Novembro, a jovem é transferida para Celes (Neurologia), onde continua em semi-coma. Apenas geme e chora de meter dó. Não sabemos se inconsciente ou não.

Tudo isto resultou de uma pequena queda que dera há anos perto de Tomar, em cujo hospital o braço não lhe fora ligado convenientemente. Ultimamente aquele membro deslocava-se pelo ombro frequentemente e os ortopedistas de Coimbra aconselharam operação, um dos quais a encaminhou para a Clínica onde viria a ser submetida à intervenção cirúrgica.

Tres meses de duro martírio, passaram os pais a irem diariamente a Coimbra visitar a sua querida filha, sem lhe notarem algo de melhoras. Muitos Amigos os rodearam ali de carinho, a confortá-los na sua inconsolável dor, mas os responsáveis pelo sucedido, esses nem uma palavra de conforto moral e cristão e  precisa explicação do triste facto.

Esgotados os recursos da medicina, para esta doença provocada, mesmo que involuntáriamente, toda a Comunidade Cristã eleva orações a Deus pelas suas melhoras. Até Sua Santidade João Paulo II implorou uma prece, enviando como consoladoras graças celestiais a Bênção Apostólica.

Também a menina Maria Vitória F. Nogueira, de Treixedo - Santa Comba Dão, vivendo sem braços e sem, pernas acompanhou-nos na dor, intercedendo pela nossa doente, com todo o amor do seu coração,

Mas os designíos de Deus são insondáveis e a nossa Gracinha não resistiu ao mal tamanho que lhe fez perecer as células vitais do seu cérebro. Após estes três meses de doloroso tormento para a menina e desolada família, sobe ao Céu uma das mais lindas e queridas flores criadas na vila de Góis, No hospital, chamavam-lhe uma "Santinha".

O seu funeral grandioso o testemunhou. A Terra compartilhou também com chuva de lágrimas a orvalhar as imensas flores que lhe foram oferecidas, e a juventude marcou bem a sua presença. Todos a queriam levar da Igreja até ao cemitério, Deus permita que nestes jovens frutifique o seu exemplo de virtudes com que ela perfumou a Terra.

Quem não se lembra do seu meigo sorriso a aviar o pão na Padaria do pai? "Gracita, dê-me pão branquinho. Gracita, gosto bem cozido!" A todos ela fazia a vontade, sempre com o seu modo de encanto. Alegre, e amiga para com as crianças, era simples como as flores do campo. Tinha sonhos? Com certeza. E quem os não tem aos 23 anos de idade?

Sonhos puros que o destino interrompeu e não deixou realizar.

Lavados em lágrimas de saudades, a doce imagem da nossa Gracinha jamais se desvanecerá da nossa memória. Encarrapitada na tangerineira, a colher tangerinas para levar e para nós, a trazer-nos no tempo o saquinho de morangos, a contar-nos com júbilo os seus projectos futuros, duma casa pequenina para ela e o seu Carlos, e ainda a falar com pena,perante os infelizes do mundo.

Gracita, o nosso coração está de luto profundo, e jamais sentiremos a satisfação que vivemos na Terra. No entanto, consola-nos saber que oferecemos ao Senhor um "bouquet de flores, e que foste para uma cidade maravilhosa, onde mais dia menos dia nos havemos de encontrar e louvar a Deus para sempre.

Desfirurados ainda pelo desgosto que nos avassala, termino com uma frase que mandámos gravar numa das coroas de cravos que te oferecemos: "Enquanto Deus não nos chamar, recordaremos sempre o teu sorriso de santa".

E por que eras boa, Jesus te quis para, contigo, alindar e valorizar

mais o Paraíso.

C.B.S.  de "A Comarca de Arganil," de 14 de Fevereiro de 1985.

 

MORTE DE UMA JOVEM GOIENSE

EM CONDIÇÕES ESTRANHAS

 

Faleceu a jovem Goiense Graça Maria Cunha Sanches, de 23 anos, filha do sr. Augusto das Nves Sanches e da Srª D. Deolinda Cunha Sanches, facto que causou o maior pesar nesta vila, embora o triste desenlace fosse há muito esperado.

A inditosa moça havia sido submetida a uma simples operação cirúrgica, numa clínica de Coimbra, há très meses. Anestesiada, porém, para o efeito, não voltou mais a recuperar os sentidos, permanecendo em coma decorrido todo este tempo.

A família da extinta pediu por tal facto a autópsia do corpo para que fique bem esclarecido este caso, que tem suscitado os mais variados comentários.

O funeral da finada realizou-se no último sábado, tendo constituído uma profunda manifestação de pesar, pois nele

se imcorporaram muitas centenas de pessoas.  

Do "Jornal de Arganil de 14 de Fevereiro de 1985              

 

NEGLIGÊNCIA MÉDICA?

 

Sete de Novembro de 1984, uma jovem de Gois, de nome Graça Maria da Cunha Sanches de 23 anos, submeteu-se a uma intervenção cirúrgica ao braço direito que, devido a uma queda que dera há anos perto deTomar, em cujo hospital não lhe fora ligado convenientemente, o membro deslocava-se, agora,  diversas vezes.

Por este motivo os ortopedistas de Coimbra, aconselharam a operação, um dos quais a encaminhou para a Clínica de Santa Filomena, Nessa tarde, o médico informou a mãe assim: -tudo correu bem, ela acorda a meia noita.

No dia seguinte de manhã a irmã gémea, que a acompanhava, telefona aos pais : - A Graça ainda não acordou. Momentos de dor e aflição para os pobres pais, que vão a correr para Coimbra a informarem-se do sucedido. Feito um exame especial, revela edema craneano. Estado gravíssimo, possivelmente devido à falta de oxigénio que fez perecer as células vitais do seu cérebro.

Não se tentando ali qualquer reanimação a menina é transferida dia 12 de Novembro para o hospital de Celas (Neurologia), onde pouco ou nada recuperou também. Apenas geme e chora, estado semi-coma, não sabemos se insconciente.

Durante três meses os desolados pais vão diariamente visitar a sua querida filha, sem lhe notarem algo de melhoras. Muitos amigos e boas almas a rodeiam ali de carinho a confortá-los na sua imensa dor. Mas da Clínica nem uma palavra de solidariedade e a precisa expliocação para o triste facto, ninguém a apresenta.

No hospital chamam-lhe "uma santinha" pelo muito que parecia sofrer. Perna infectada por injecção, maxilar fora do lugar uma semana, boca ferida, lesão pulmonar, membros paralizados, um horror!

Após três meses de duro martírio para a jovem  e desolada família, a menina não resiste mais, e Deus chama-a à sua presença na madrugada de 8 de Fevereiro.

Como a Graça Maria foi sempre uma moça saudável e entrou na "Casa de Saúde, esperançosa e cheia de vida para compor o seu bracinho, a família ainda hoje desconhece, concretamente, o que se passou na sala de operações.

Por este motivo requereu-se a autópsia ao corpo para que fiquem bem definidas as causas que motivaram este tristíssimo acontecimento.

O funeral grandioso, como não há memória aqui, bem comprovou a onda de revolta por este doloroso acidente, que o povo sentiu profundamente, vendo desaparecer uma jovem querida de Góis, na primavera da vida!!!

Clarisse Sanches - Góis (Suplemento do "Comércio do Porto", de 10 de Março de 1985.

 

 O TRISTE ADEUS DA NOSSA GRACINHA

 

Daqui a sete dias já cá estou, disse-nos a Gracita contente com o dinheirito que lhe demos na mão, no dia 5 de Novembro de 1984 pela manhã. Ia submeter-se a uma intervenção cirúrgica ao braço direito.

Resultou isto de uma pequena queda que dera há anos, agravada em 1983 na praia da Figueira da Foz, quando tomava banho e teve de ser socorrida no hospital daquela cidade.

Ultimamente, o braço deslocava-se frequentemente pelo ombro, pelo que os especialistas aconselharam operação, que seria fácil. Foi então que um ortopedista a encaminhou para a Clínica de Santa Filomena em Coimbra.

Depois do acto da intervenção, na tarde do dia 7 o médico sossegou a mãe dizendo-lhe: tudo bem, ela desperta à meia noite...

Pela madrugada seguinte a mana Célia, que estava com ela, telefona aos pais, aflita: - A Graça ainda não acordou! Que dor e aflição para os infelizes pais, que vão em grande velocidade para Coimbra a informarem-se do sucedido. Feito um electroencefalograma, revelou edema craneano. Estado muito grave. Lembrou, então, o pai uma conferência de especialistas, ideia que não foi aceite pelo neurologista da Clínica,

Não se tentando levá-la à reanimação, a menina dia 12 de Novembro, é transferida para Celas, onde pouco recupera já. Segundo algumas versões teria havido falta de oxigénio que lhe faria morrer as células principais do cérebro. Apenas gemia e chorava, não sabemos se inconsciente ou não.

No hospital chamavam-lhe uma "Santinha" pelo muito que parecia sofrer, perna infectada por uma injecção, maxilar fora do lugar uma semana, boca ferida, lesão pulmonar, problemas das vias urinárias, alimentação de sonda pelo nariz, membros paralizados. Um enorme horror!

Durante três meses, os desolados pais ali foram diariamente visitar a sua querida filha, sem lhe notarem algumas melhoras. Muitos amigos os  os rodeiam a confortá-los no seu desespero. Mas da Clínica não surge uma palavra de solidariedade humana  e o necessário argumento do triste facto ninguém o  esclarece.

Após 93 dias de duro martírio para a infeliz jovem e magoados pais, a menina não resiste mais, e Deus chama-a para Si na madrugada de 8 de Fevereiro.

Como a Graça Maria foi sempre uma moça saudável e entrou na "Casa de Saúde" esperançosa e feliz da vida para compor o seu bracinho a família requereu a autópsia para que fiquem bem visiveis as causas que originaram tão triste ocorrência.

O seu funeral constituiu grandiosa manifestação de pesar, notando-se uma onda de pena vibrante por este doloroso acidente que todos sentiram profundamente, vendo desaparecer, de maneira estranha e inesperada, uma jovem, querida de Góis, na primavera da vida!

Referindo-se a este triste caso, assim disse a distinta escritora e poetisa D. Salete Borges: - "Minha filha, meu jardim de esperanças, que nem chegaste a abrir em pleno, espalhando perfume da tua juventude!".

A nossa amiga D. Maria da Glória Dias Antunes, profectizou que uma multidão de Anjos a haviam de acompanhar até ao Paraíso! Outra amiga a D. Esmeralda Neves, escreveu-nos da Figueira da Foz, lembrando que no Céu se acendeu mais um luzeiro, com a chegada da nossa querida Gracita.

Graça Maria da Cunha Sanches que tinha 23 anos de idade era filha extremosa de Augusto Barata das Neves Sanches e de D. Deolinda Barata da Cunha, irmã gémea de Célia Maria da Cunha Sanches, irmã também de Fernando José da Cunha Sanches casada com D. Rosa Sanches Bandeira, residentes em Ceira, Coimbra, deixou toda a família contristada e na mais profunda dor.

Grande tristeza foi ainda para suas avós, tios e primos, Para a sua tia e madrinha Clarisse, estarás eternamente viva dentro do seu coração atormentado de saudades, porquanto nos parece ainda um sonho.

Que mundo enganador minha Gracinha! Quem nos devia dar as flores eras tu, e por fatal destino ou desígnos do Céu, fomos nós que te as oferecemos com lágrimas do mais sentido Adeus. 

À luz da Fé Cristã e de santas virtudes com que viveste entre nós, anima-nos confiar que estarás na Glória de Deus, a gozar as delícias daquelas que descem à campa com o cândido vestido branco de donzela.

Aproveitamos para agradecer muito profundamente a todas as pessoas amigas e muitas foram, que pessoalmente, por carta, cartões, telegramas, e telefonemas, nos acompanharam em tão angustiosos momentos.

C.B.S.

                De "O Varzeense" de Abril de 1985

 

                        

 

 

 

Esta linda formatação foi feita por gentileza do prezado Amigo Jorge Vicente, Director do jornal Fri-Luso um portugues, bem patriota a residir na Suíça, oferta em 8 de Março de 2010 dia Internacional da Mulher.

 A nossa Gracita de tudo é merecedora, pelos martírios que teve de passar. Que Deus a abençõe e a todos nós.

 C.B.S.

DRAMA EM COIMBRA

06.01.10, canticosdabeira

"JOVEM SUBMETIDA A UMA "OPERAÇÃO FÁCIL"

ENTRA EM COMA E MORRE NO FIM DE 3 MESES

 

CÉLIA FALA AO DIÁRIO POPULAR 

                                    

  

"Sei que só o resultado irá possibilitar que se conheçam definitivamente, as causas da morte da minha filha, não aquelas que acabaram por ser as causas próximas, mas as outras que a levaram a sair já em coma do bloco operatório da Clínica de Santa Filomena, em Coimbra. Ninguém me tira da cabeça que a mataram, por erro ou descuido, mataram-na, foi o que foi!"

Estas, as primeiras palavras que Augusto Sanches proferiu para o jornalista quando na sua residência em Góis, se dispôs a abrir o "dossier" da morte de sua filha, Graça Maria da Cunha Sanches, ocorrida no Pavilhão de Neurologia dos H.U. de Coimbra, em Celas, exactamente três meses depois de ter sido operada na Clínica de Santa Filomena, a uma luxação recidivante do ombro direito, intervenção considerada fácil, mas da qual a Graça Maria nunca mais viria a recuperar do estado comatoso em que caiu.  

É difícil para o jornalista descrever o ambiente que encontrou. A revolta contem-se à custa do cerrar de dentes. As palavras saem misturadas com suspiros profundos que ecoam numa casa onde o zumbir da mosca se sente sem esforço auditivo. Ao recordar os passos dados ao longo de três meses, recordam-se as palavras de esperança - consideradas com "doce mentira" por alguns mais conhecedores da situação real - que conseguiram, embora temporariamente, aliviar o desespero que si ia instalando no espírito dos familiares mais directos. Tais palavras preencheram a expectativa de aparentes melhoras, para, depois, ser maior a desilusão ante um estado cada vez mais degradado.

Foram três meses de penoso sofrimento, galgando dia a dia, pela estrada aos "esses" da serra, cento e tal quilómetros, para estar meia hora perante um corpo que só a espaços parecia reagir a qualquer estímulo, em luta brava, resistente ao dia a dia mais próximo.

Augusto Sanches cerra os punhos. Vai dizendo, de si para si, que "a justiça devia ter sido feita pelas suas mãos", que... "naquele fim de tarde em que, pela única vez, encontrou em Neurologia o Dr. Pacheco Mendes, foi preciso agarrarem-no, para que nada mais grave acontecesse". Repete palavras, frases, ideias. Um rosário longo que se torna difícil captar. o olhar fixo passa além da janela e perde-se, no pinhal fronteiro. Há momentos de silêncio absoluto, cortadas bruscamente por uma frase dita em tom desabrido.

Como esta:

"Se não me agarram... nem sei. Mas o dr. Pacheco Mendes abraçou-se a mim, a chorar, e voltou a dizer que, da parte dele, tudo tinha corrido lindamente. Eu sei que não foi ele, que nada se passou por culpa dele, mas...ele foi o cirurgião escolhido, o chefe da equipa, e é a ele que tenho de pedir responsabilidades."

 

Uma queda, em Tomar, há seis anos.

 

A luxação não aconteceu agora. Foi o princípio da meada que viria a lançar toda uma família no luto profundo.Tem a palavra o pai:

"Há seis anos, durante uma viagem a Santarém, já de regresso, a minha filha deu uma queda a dar uns saltinhos nuns pequenos degraus. No Hospital de Tomar, segundo apurámos mais tarde, o braço ficou mal ligado e, como consequência verificou-se o deslocamento fácil desse braço, em especial nos movimentos para trás.

"Durante muito tempo - prossegue - andámos hesitantes entre a operação ou a manutenção do braço assim. Mas minha filha foi aconselhada, pelos Dr. Pacheco Mendes e Prof Norberto Canha a ser operada. Devo dizer que vários médicos emitiram a opinião de que tal intervenção era fácil, chegando mesmo o Prof. Noberto Canha a assegurar que ela ficaria bem a 95%. Tomou-se a decisão da operação e foi a minha filha a decidir qual seria o operador. Optou pelo Dr. Pacheco Mendes por, no dizer dela, "ser mais simpático". Foi, então, marcada a operação para o dia 7 de Novembro de 1984, na Clínica de Santa Filomena. Como aquilo era "fácil", e segundo nos disseram vários médicos - e como a irmã trabalhava e vivia em Coimbra, só esta lá estava no ínicio da operação, vendo a Graça Maria entrar na sala de operações e, depois, quando foi transportada para o quarto. Só no dia seguinte é que fui alertado para uma situação estranha."

 

"Só faltou uma máquina fotográfica"

 

Ainda que só o acordar de todo o drama vivido lhe faça estampar no rosto a dor que lhe mina o espírito, Célia Sanches não hesita em contar ao "DP" os factos vividos desde a primeira hora:

"Quando minha irmã chegou ao quarto, depois da operação perguntei ao dr. Pacheco Mendes se tudo tinha corrido bem. Respondeu-me que sim, que só tinha faltado uma máquina fotográfica para documentar todo o trabalho feito. Lógico que, sendo tudo fácil, perguntei se poderia falar com a Graça Maria, mas aí, foi-me respondido que ela estava em sono profundo e só iria acordar por volta da meia noite, isto é, sete horas depois de ter chegado ao quarto da Clínica, após a intervenção.

"Sinceramente, considerei normal esta situação e também não desconfiei quando me mandaram embora, descansadamente, já que não tinha havido qualquer problema. Dirigi-me a casa para buscar a roupa de que necessitava a fim de poder passar a noite no quarto, ao lado de minha irmã. Quando regressei soube que continuava a dormir profundamente. Voltei a sair para comprar umas rosas e uns bolos e, ao voltar à Clínica, antes de subir para o quarto, parei junto à telefonista e ouvi uma enfermeira, um tanto aflitivamente, à procura de outra colega que quisesse ficar de vegília a uma doente que estava mal e cujos pais irresponsavelmente, a tinham deixado sozinha. Ainda sem me aperceber de que era de minha irmã que falava, perguntei se podia fazer uma chamada. Quase intuitivamente perguntei se a doente que estava mal era nova e se fora operada nessa tarde. Responderam-me que sim, não sabendo que eu era sua irmã. Fui logo direita ao quarto, onde já estavam vários médicos a observá-la. Quis falar com minha irmã e foi então que me disseram que não valia a pena tal tentativa pois Graça estava em coma.

"Os médicos perguntaram-me se ela sofria de ataques epiléticos, ao que respondi negativamente. Estranharam e disseram-me que esta situação era causa directa de um ataque desses, mas que tudo normalizaria e, se não recuperasse, iria para a reanimação.

Dos médicos presentes, um era o Dr. Pacheco Mendes, outro o Dr. Frias e o terceiro não o conheço. Mas não era o anestesista, não. Esse mal o vi. Entretanto soube que fora chamado um neurocirurgião, aparecendo depois, o dr. Silvino que, após breves minutos dentro do quarto, em diálogo com outros médicos, me perguntou se, na verdade, a minha irmã nunca sofrera de ataques epiléticos. Como lhe respondesse negativamente, voltou para dentro do quarto. Minutos depois saiu e disse-me que tudo aquilo tinha sido uma complicação no pós-operatório, mas que, de manhã, a Graça Maria estaria bem.

"Aguardei a noite inteira por essa recuperação. Cheguei a pensar que ia acontecer, pois vomitou e mexeu-se várias vezes, embora não falasse, não abrisse os olhos nem reagisse a qualquer estímulo".

 

"Nada de grave, estejam tranquilos!

 

Difícil travar a narrativa. Os factos estão vivos na memória de Célia, para dispensarem compassos de espera, para reorganização das ideias. Daí o registar quase ininterrupto da rememoração em caudal.

"Como não gostei da situação, telefonei ao meu irmão e, mais tarde, apareceram os meus pais.  Quando dr. Silvino voltou à Clínica, já o meu pai lá estava. Tal como o fizera a mim, também disse ao meu pai que nada de grave se estava a passar. Uns escassos dias seriam suficientes para a recuperação de minha irmã. Foi com essa esperança que a Graça esteve cinco dias na Clínica de Santa Filomena, sempre no mesmo estado.

"Entretanto, vinte e quatro horas depois da operação, uma prima nossa que é médica, sugeriu que a minha irmã deveria ir para a reanimação, embora o dr. Silvino teimasse que tal não era necessário. Para confirmar, o neurologista trouxe uma médica novita, creio que sua colaboradora, a qual também disse que a Graça não precisava de ir para a reanimação. Pediu-se a opinião de outro neurologista e sugeriram-se vários nomes. O Dr. Pacheco Mendes sugeriu o dr. Ketting como o melhor, para uma observação neurológica. Ele lá foi. Porém, quando o dr. Silvino soube disse logo que os seus serviços já não eram necessários. E, também o dr. Ketting achou que o caso não era para preocupar muito, pois tudo acabaria por passar. Ainda a nosso pedido, foi-lhe feito um TAC, cujo resultado foi edema cerebral."

"Posteriormente, o dr. Pacheco Mendes informou-me que a minha irmã tivera uma hipotensão. Três meses depois, sem que tenha saído do estado mais ou menos vegetativo, a minha irmã morreu!"

 

Falta de assistência impõe transferência

 

Augusto Sanches, o pai, retoma a narrativa. Diz-nos que a transferência da Clínica de Santa Filomena para o Bloco de neurologia, de Celas, os meus passos a caminho de Coimbra foram diários. Sempre na tal esperança de, tarde ou cedo, poder levar a Graça Maria para a sua casa de Góis. Eis as suas palavras:

"Dado que a assistência, na Clínica de Santa Filomena, era nula, pensou-se em transferir a minha filha para o bloco de neurologia, em Celas. Assim foi. Devo dizer que, até hoje, a Casa de Saúde ainda não me apresentou qualquer conta e o dr. Pacheco Mendes disse-me que não tinha coragem para levar fosse que dinheiro fosse pela operação.

"Em Celas - prossegue Augusto Sanches - todos os médicos com quem falei foram unânimes na opinião expressa: só um milagre. Apenas o dr. Ketting me dizia que ainda não tinha "queimado os últimos cartuchos" e que, "neurologicamente, estava melhor".

As complicações surgidas é que estavam a agravar toda uma situação e poderiam ser fatais.

"É como lhe digo: penso que mataram a minha filha. Embora tivesse fé, a verdade é que as melhoras que eu desejava, não apareceram. Ela, coitadinha, sofreu muito. Até mesmo em Neurologia esteve uma quantidade de dias com os maxilares deslocados".

Faz uma pausa e acrescenta:

"Olhe: o anestesista nunca mais o vi. Depois da operação, creio que só lá foi uma vez para a entubar. Ele sabe bem o que aconteceu. O dr. Pacheco Mendes só o encontrei uma vez em Celas. Duas enfermeiras de Neurologia (tenho os nomes, mas não interessa divulgá-los) disseram à minha filha que ele Dr. Pacheco Mendes, nunca lá ia. Melhor: só lá foi para tirar os pontos.

"Agora só me resta aguardar pelo resultado da autópsia para fazer a participação judicial contra o cirurgião. Não sei se foi ele ou não, o culpado de tudo isto. Mas, perante mim, é o responsável. É verdade que ele me disse tudo ter corrido bem, da sua parte. Terá, então de dizer onde correu mal.

"Se divulgo, publicamente este caso - disse-nos Augusto Sanches, é com a intenção de prevenir outras situações idênticas, no futuro. Por isso aceitei que a minha filha fosse autopsiada, para que os elementos recolhidos sejam irrefutáveis.

Sabe, não tenho conhecimentos para avaliar o que se passou, mas que foi algo de muito anormal, lá isso foi. Afinal, levei-a quase de perfeita saúde, para uma operação fácil e trouxe-a morta!"

De facto, algo de muito anormal se terá passado. O processo está prestes às portas da justiça. Porém, nada compensará o sofrimento, vivido ao longo de três meses. E nada poderá dar vida a uma jovem de 23 anos que, justificadamente, quis ser operada para poder movimentar o braço direito à vontade. Que cousas o infeliz desfecho? A autópsia o dirá.

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Dr. Pacheco Mendes ao "DP"

É A PRIMEIRA VEZ QUE ME ACONTECE UMA COISA DESTAS

 

O dr. Pacheco Mendes, chefe da equipa que realizou a intervenção cirúrgica, não se escusou ao diálogo que lhe solicitámos naturalmente para recolhermos a sua opinião sobre o que se passara durante a operação e que terá sido a causa primeira da morte da Graça Maria.

"Sinceramente, nada fazia prever isto. Todas as doentes, antes de ser decidida a intervenção, são objecto de um estudo, submetendo-se a exames que nos permitam concluir o grau de risco existente nessa mesma intervenção. Só depois disto é que se processam as análises de rotina.

A intervenção que foi feita à Graça Maria, não sendo uma intervenção de rotina, não era difícil e há conhecimento e condições para a fazer rapidamente. No fundo, era redizir uma luxação recidivante do ombro direito. Uma operação normal, sem problemas. Um dos meus assistentes até disse, no final da intervenção, que tinha sido uma operação de livro".

Verdade que, a determinada altura, o dr. Valdemar (o anestesista me alertou para um problema que tinha surgido, dizendo-me para parar um pouco. Assim fiz. Sei lá 40 ou 50 segundos, não sei. A doente fez uma brabicardia, logo seguida de paragem, mas à terceira massagem cardíaca, recuperava. A partir daí nunca mais aconteceu nada. Acabei a operação, disse como tinha corrido e, confesso, saí para ir buscar o meu carro. Quando estava na oficina, recebo um telefonema alertando-me de que a miúda estava mal. Fui logo para lá e, quando cheguei, já lá se encontrava o dr. Lalanda Ribeiro (cardiologista) e o dr. Frias, enquanto o dr. Valdemar tinha chamado o dr. Silvino.

Casos destes surgem uma vez em cerca de 3000 operações; eu, não escondo, já operei 7000 doentes e é a primeira vez que me aontece uma coisa destas!"

 

Aconteceu uma paragem cardíaca

 

Também o dr. Valdemar Mota nos deu as suas impressões, Assim:

"O que aconteceu foi uma paragem cardíaca. A doente estava monitorizada e, a dada altura, apercebendo-me de algo de anormal, pedi para pararem um pouco, para dar a massagem cardíaca, e, à terceira, já tudo tinha voltado ao normal.

Não houve falta de oxigénio, já que se tal acontecesse, todos os operadores tinham dado por isso, uma vez que o sangue, em tais circunstâncias, surge escuro...

O que foi? Sei lá..., pode ter sido tanta coisa! Uma embolia, por exemplo. Mas a autópsia dirá o que aconteceu. Contrariamente ao que se disse, nós, operadores, também desejávamos que a autópsia fosse feita.

Infelizmente, aconteceu algo."

"Diário Popular" de 9-4-85

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ESTRANHA MORTE DE UMA JOVEM DE GÓIS MUITO
LIGADA AO COMÉRCIO

 

As circunstâncias que rodearam a morte de uma jovem de Góis, falecida após uma simples operação a um braço, têm levantado grande consternação, inicialmente naquela zona e ultimamente, face à divulgação que a imprensa diária tem dado ao caso, por todo o país.

Infelizmente, esta jovem, de nome Graça Maria Cunha Sanches, era familiar de um nosso assinante de há longos anos, da firma "José das Neves Sanches, Sucrs". daquela vila, e inclusive trabalhava, à altura da sua morte, com o seu pai, no estabelecimento.

Enviada por sua tia Clarisse Barata Sanches, recebemos uma tocante carta, acompanhada de um poema, com o pedido de publicação que muito naturalmente e compreendendo a dor que as motiva, vamos publicar na íntegra, muito embora o tema fuja um pouco à normal índole do jornal.

Para melhor comprensão do poema, começamos por transcrever a carta desta nossa colega e que o acompanhava.

 

"Incluso remeto a V.Exªs um soneto, que muito agradecia a sua publicação no jornal, se possível oportunamente.

É alusivo a uma jovem de 23 anos, de nossa família, que faleceu em 8 de Fevereiro no Hospital de Coimbra, em condições estranhas. De uma simples operação a um braço, derivou estar três meses em semi-coma, falecendo depois. O desaparecimento desta jovem muito querida em Góis, causou imensa consternação, nesta área. onde era muito conhecida e estimada por todos.

Como somos assinantes desse interessante jornal, há muitos anos, esperamos que nos possam fazer este obséquio, o que antecipadamente agradecemos".

 

                    DOR E SAUDADE

À minha querida e saudosa sobrinha Graça Maria Cunha Sanches,

sempre viva no meu coração:

 

                        Rebuscando papéis à luz do dia,

                Chorei de ansiedade e comoção!

                Porque numa gaveta encontraria,

                Continhas feitas pela tua mão.

 

                Do pai a caixeirinha de balcão,

                Eras moça gentil, Graça Maria,

                Há quatro anos que vendias pão,

                Com todo o teu encanto e simpatia!

 

                Devido a queda há anos, um pouquinho

                O ombro deslocava-se na lida,

                E o médico aconselha ao teu bracinho

 

                Uma operação simples, branco lírio!

                Em que jamais acordas para a vida,

                Com três meses de Cruz e de martírio.

 

Góis, 19 de Março de 1985

Clarisse Barata Sanches

 

       "O Comércio de Víveres" - Lisboa, 1-05-1985

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GRACINHA SANCHES

 

"E aquela mãe da linda jovem que Deus chamou a Si na pureza da sua mocidade e jamais esquecerá - a Gracinha Sanches - que num sofrimento atróz a morte se alojou a seu lado e matou as esperanças das esperanças que o seu coração abrigava.

Filhos. Amai as vossas mães, dando-lhes o conforto possível e acarinhando-as porque o carinho tudo vence e quando velhinhas não as mandeis para Lares da Terceira Idade, para não chorarem ingratidões.

 

Maria Salete Norte Borges - Andorinha - Oliveira do Hospital

Do seu interessante artigo intitulado "Mãe"

 

Texto extraído de "A Comarca de Arganil", de 18-05-1985

 

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DESUMANOS OS HOSPITAIS EM PORTUGAL

(ESTA NOTÍCIA É DE 1985: PERMITA DEUS NÃO SEJA, AINDA, HOJE ASSIM.)

           

Sempre que fui obrigada a entrar num hospital senti uma sensação de frio, de desamparo, de solidão. E assisti a cenas dantescas. Pessoas que chegam feridas e quebradas e são deixadas nos corredores, sem atendimento rápido. Gente que sofre e a quem ninguém liga. Velhos que mal se arrastam a andarem de seca-para-meca, dia após dia, saúde perdida, esperança perdida, sem uma palavra sequer, de carinho.

De um lado, o desespero de quem sofre. Do outro, o descanso de quem ganha para atender as pessoas, a irreponsabilidade de muitos, a insensibilidade, muitas vezes, até à maldade.

Faz pena, faz horror, frequentar os hospitais de Portugal! O crescimento das burocracias e o aumento do número dos doentes fez com que as pessoas sejam tratadas como animais, e que tenha sido perdido o sentido humano. Mais de dois milhões de portugueses passam, por ano, pelos hospitais. Eu posso ser um deles, você pode ser um deles. E TODOS são tratados sem conforto, nesses locais que deveriam ser casas de saúde e bem estar, mas que são, quase sempre, antros de doença e de solidão. Onde se passam horas de dor, às vezes, as últimas da vida...

Quando temos saúde, quando somos jovens, nunca nos lembramos destes problemas. É preciso que a doença nos bata à porta, para que sintamos na carne o que é o sofrimento e como dependemos da boa vontade e do tempo de médicos e de enfermeiras!

Há cerca de trinta mil portugueses internados nos hospitais. Dois milhões de pessoas precisam de consultas externas. Mais de dois milhões e oitocentos mil passam pelos serviços de urgência. E esta gente, TODA esta gente (salvo raríssimas excepcções) recebe um tratamento mecânico, burocrático e massificado. Mas isto tem de mudar! Porque todos nós, povo e autoridade, temos de transformar estes hospitais que temos, em casas de saúde verdadeiras, onde ninguém seja obrigado a mais solidão e mais sofrimento do que aqueles que lhe são impostos pela sua condição física.

Os doentes têm consagrados na actual legislação os direitos de acesso, participação no controlo da gestão do hospital, na assistência, informação, assistência religiosa e escolha de equipa médica. Mas nada disto está a funcionar.

As direcções dos hospitais devem dar prioridade à qualidade dos serviços prestados e abrir inquéritos rigorosos quando falhas graves se derem. E DEPOIS dos inquéritos, punir exemplarmente os culpados. Porque com a saúde não se brinca. Em Portugal, faz-se gato-sapato de quem sofre, e se o desgraçado não tem dinheiro para pagar então que morra.

 

Suplemento do jornal "O Comércio do Porto" de 28-04-1985

 

Nota: - Esta crónica da distinta jornalista Maria de Lourdes Brandão nada tem a ver com a tragédia da Gracinha, mas nunca é demais lembrar a deficiente assistência em alguns estabelecimentos de saúde em Portugal.

 

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Tenho o livro "GRACITA FLOR DA SAUDADE", editado por mim em 1985, transcrito neste Blogue: "À Beira do Rio Ceira". Ainda de coração a sangrar aqui fica também para memória futura. Resta-me agradecer ao prezado Amigo Jorge Vicente, director do Fri-Luso, e decoração que lhe fez à volta, com o lindo bairro da Boavista, as Capelas do Mártir e Castelo e vista do Rio Ceira. Foi aqui que vivi até aos meus 12 anos de idade.

 

Augusto Sanches e meu irmão não conseguiu coragem para seguir a justiça. Sofria mais bulindo na "ferida" e desde aí perdeu a saúde e a boa disposição.

Um neurologista de Coimbra Dr. Grilo disse-me uma vez pelo telefone: O seu irmão devido à morte de sua querida filha, tem mortas algumas células que lhe provocaram a doença do Parkinson. O triste acontecimento não matou só a Gracita, mas também o seu pai em 1997.

 

Dia 8 de Feveriro de 2010 completam-se 25 anos do seu desaparecimento. Uma data a salientar de triste comemoração.

 

Gracita, se lá na Pátria Celeste me estás ouvindo e feliz como mereces, Pede por nós, pela nossa família, por Portugal e pelo mundo inteiro que cada vez desanda mais sem um destino de FÉ, de ESPERANÇA e CARIDADE. Mil Abraços meu Amor e faz de conta que nos estamos a abraçar muito sentidamente. O "outro" que anseio, que ele seja de muita alegria e Glória para Deus. C.B.S.

                                  

 

CAPA DO LIVRO

                         Gracita, quando eu morrer,
                              Abre-me a porta dos Céus!
                   Quando eu entrar quero ver
                              A doce imagem de Deus!

  C.B.S.