Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

À BEIRA DO RIO CEIRA

Blogue iniciado pela autora, Clarisse Barata Sanches, a exímia poetisa de Góis, falecida a 25 de dezembro de 2018. Que permaneça intacto em sua homenagem.

À BEIRA DO RIO CEIRA

Blogue iniciado pela autora, Clarisse Barata Sanches, a exímia poetisa de Góis, falecida a 25 de dezembro de 2018. Que permaneça intacto em sua homenagem.

CARTAS PARA O CÉU

18.07.12, canticosdabeira

À BEIRA DO RIO CEIRA

4º LIVRO

 

     Cartas para o Céu

Poesias

Cartas para o Céu

Clarisse Barata Sanches

   Cartas para o Céu

DEDICATÓRIA

  

Minha mãe não sei fazer

Um Poema para ti

Que pudesse merecer

O grande amor que perdi!

A saudade é tão intensa

Que sinto a tua presença

Dentro do meu coração.

Dormes em paz na jazida,

Mas a alma, mãe querida

Tem a Deus na sua mão!

Clarisse Barata Sanches

CBS

 

Logo que Deus te levou

Sem atalhos para o Céu,

Se o meu sorriso apagou,

Mais uma estrela acendeu!...

 

Aníbal Nobre

Obras da Autora

18.07.12, canticosdabeira

ALGUMAS OBRAS LITERÁRIAS DA AUTORA:

Cantei ao Céu e à Terra 1983   Poesias
Gracita Flor da Saudade 1985   Poesia e Memória
Luz no Presépio 1989   Poesias -Teatro
Quadras do meu Outono 1989   Poesias
Hinos da Tarde 1994   Poesias
Arca de Lembranças 1997   Poesias - Memórias
Cartas para o Céu 1998   Poesias

 

Capa, contra-capa, rosto e composição gráfica de Aníbal Nobre

PARA MINHA MÃE

18.07.12, canticosdabeira

Clarisse  no Jardim Z, jpg

NOTA

 

 

Ao escrever este livrinho de poemas dedicado a minha saudosa mãe, ocorreu-me juntar algumas lindíssimas e conceituosas quadras  (todas elas distinguidas) de ilustres Poetas portugueses que também elas - honraram e homenagearam o doce de

MÃE

 

flores

Clarissse Barata Sanches

A PRIMEIRA CARTA

18.07.12, canticosdabeira

A  PRIMEIRA CARTA

 

 As cartas que te escrevo, minha mãe,

São tristes, muito tristes e saudosas.

Que Deus queira, mal cheguem ao além,

Perfumá-las quais fossem lindas rosas!

 

Desejo que no Céu te encontres bem,

Rodeada p'las almas mais bondosas;

E que esperes por mim, porque também

Anseio pela Paz de que já gozas.

 

Nas cartas vão abraços e carinhos;

E dá, por mim, lembranças e beijinhos

Ao Augusto e à Graça que ai estão.

 

E em cada, num Amor sem ter medida,

Te envio, sem Saudades desta vida,

Um pouco do meu triste coração.

 

Clarisse. Em 1998

DOR SEM MEDIDA

17.07.12, canticosdabeira

      Ser mãe tal grandeça alcança

       Que até Deus supremo Bem,

       Quis ser no mundo criança

       E ter uma Mãe também.                

              (Dimas Lopes de Almeida)

 

 

                                     

 

 

  DOR SEM MEDIDA

 

 

                            

             Ai mãe não sei dizer-te o que senti

             - Que a dor era tamanha e tão atroz

             Naquele instante grave em que te vi

             Aflita, ao pé de mim, perdendo a voz!

 

             Ninguém 'stava connosco!... Apenas nós!

             Uma ambulância logo requeri...

             Mas a Vida corria para a Foz

             E o socorro não vinha para ti!

 

            O Doutor Zé Augusto, diligente,

            Ainda quis salvar-te de repente...

            Mas era tarde, mãe! Não foi capaz!...

 

           ...Vivi a hora mais penosa  e triste

          Quando a Célia me disse que partiste

          E Deus te deu guarida, Amor e Paz!

 

Clarisse. 1998

TRISTEZA

17.07.12, canticosdabeira

                   Não digo o nome da minha

                   Fonte de amor e de fé: 

                   Chamo-lhe "doce velhinha" 

                   E ninguém sabe quem é.

                     (Francisco Henriques)

 

                         

MEU, DEUS, TRISTEZA

 

 

Meu Deus, que tristeza! Que casa vazia!

Parece que nela não mora ninguém!

Levaste-me Tudo... Levaste-me alguém

Que tanto me dava  e Nada pedia!...

 

Na terra era ela a melhor companhia

De todas as horas - no Mal e no Bem!-

Por isso ma deste, p'ra ser minha mãe,

E dar-me só mimos, amor e alegria!

 

Relíquia sagrada! Perfume de rosa!

Seu nome era jóia - por ser Preciosa -

A jóia mais cara, mais rara e mais nobre!

 

Embora velhinha, era ainda gestora...

Que valho, meu Deus, mas que valho eu agora

Se estou, nesto mundo, tão só e tão pobre?!...

 

Clarisse. 1998

ESTÁTUA LINDA

17.07.12, canticosdabeira

         Em criança fui Messias,

       Mas não nasci em Belém.

        Nascia todos os dias

        Nos olhos de minha Mãe! 

             (Helena Luisa Coentro)

 

  

 

 

                   

 ESTÁTUA LINDA

 

 

Pensei que não podia ver-te assim

Qual estátua de mármore, gelada!...

Mas não! A minha rosa desmaiada,

Estava linda, linda até ao fim!

 

Quando a morte chegou,um querubim

Consigo te levou e de mão dada.

E disse:"Tens ainda outra morada,

Voa nas minhas asas de cetim"...

 

Eu sei que nesse instante lhe dirias:

-"Toca nas minhas mãos, vê que estão frias!,

Como hei-de aconchegar-me a ti, diz lá...?"

 

E o Anjo certamente terá dito:

"O corpo veste a Alma... e é finito,

E as mãos que lhe serviram ficam cá!..."

 

Clarisse. Fevereiro 1998

OS CINCO RETRATOS

17.07.12, canticosdabeira

                Para mim o maior bem

                   É ter Mãe. E bom seria

                   Que, em vez de um Dia da Mãe.

                   Houvesse Mãe dia-e dia.

                     (Manuel Abrantes)

 

 

                                       

 

 

CINCO RETRATOS

 

No quarto onde dormi sempre contigo,

Já não esperas nunca que eu regresse:

Mas quando eu vou à rua vais comigo

E que estás inda em casa me parece!...

 

Quando abro a nossa porta - o nossso abrigo -

A minh 'alma dorida entenebrece.

Se às memórias regresso... se investigo...

Apenas teu retrato me aparece!

 

São cinco os que cá tenho na mesinha:

Da prima, do Augusto, da Gracinha;

E o teu, querida mãe - como estás linda!

 

E há outra que Deus tem já lá no Céu:

Amiga que também muito sofreu

E é por todos lembranda - A nossa Arminda!

 

Clarisse. Abril 1998

EMIGRANTES

17.07.12, canticosdabeira

                     Mar ondulado és qual Mãe 

                         Cujo beijo fortalece! 

                         Só que a onda vai e vem... 

                         E a Mãe beija e...permanece! 

                                       (Cacilda Celso)

 

 

 

                            

                                              

EMIGRANTES

 

 Chamo por ti p´la nossa casa toda

 E tu não me respondes, mãe querida!

 Será que não consigo ser ouvida

 E a minha inquietação não se acomoda?!...

 

 Tanta gente me diz que a Vida é roda,

 Por me verem assim tão deprimida;

 Mas eu pensava, mãe, que a Flor da Vida

 Estava longe ainda desta poda...

 

 É certo que era grande a falta de ar;

 Mas sentada na sala, um dia antes

 Estiveste comigo a conversar.

 

 Tu sabes, mãe, nós somos emigrantes

 Com prazo estipulado de aqui estar...

 ...E quantos também partem inda infantes!?...

 

 Clarisse

NOVENTA E CINCO ANOS

17.07.12, canticosdabeira

                          Ter Mãe é ter tudo ou nada

                           Ninguém explica o porquê,

                           Mas é fortuna sagrada

                           Que só perdendo-a se vê...

                              (Rodrigues Canedo)

                                                                      

                                                

                        

 

 

NOVENTA E CINCO ANOS

 

 

 

  Noventa e cinco anos!... Disse alguém

  Que Deus te concedeu vida bastante.

  Quase noventa e seis!... Foi importante

  Mas eu não achei muito, minha mãe!

 

  Embora há muitos anos nada bem,

  Mantinhas mente sã e Fé constante:

  Mas que expressão bonita, insinuante,

  - Onde cabiam, mãe, bem mais que cem!

 

 Nessa manhá de dor e de emoções,

 Como quem faz a Deus mil orações,

 De hora a hora com mágoa me dizias:

 

 -" Clarisse, arranja alguém p«ra te ajudar

 Ou, se não for possível, um bom Lar

 Pois, filha estão já findos os meus dias,"

 

 Clarisse

Pág. 1/3