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À BEIRA DO RIO CEIRA

Blogue iniciado pela autora, Clarisse Barata Sanches, a exímia poetisa de Góis, falecida a 25 de dezembro de 2018. Que permaneça intacto em sua homenagem.

À BEIRA DO RIO CEIRA

Blogue iniciado pela autora, Clarisse Barata Sanches, a exímia poetisa de Góis, falecida a 25 de dezembro de 2018. Que permaneça intacto em sua homenagem.

GRACITA ABRAÇA A AMIGA LUCIANA

07.01.10, canticosdabeira

ENTRE OS PAIS E AMIGOS

   

UMA SANTA VOOU PARA O CÉU

Lembro a Gracita ainda pequenina, junto à Padaria e alegre qual andorinha em dias de primavera, e sempre que eu trocava, o nome,ela me dizia - Não sou a Célia, sou a Graça... Elevei preces por ela, mas os desígnios de Deus estavam a acima de tudo.

É mais uma advogada que temos no Céu. E eu já mal a conhecia pedi-lhe já alguns favores. A primeira graça foi para uma família em aflição, a outra, foi que uma análise que ia fazer, pensando o médico que eu estava com diabetes não desse nada, e pela Gracita tive do Senhor a boa resposta. O nosso Coral já com 5 anos nunca tinha conseguido cantar fora da Figueira, mas sim sempre no Casino, depois que arranjei uma advogada no Céu, já fui a Leiria, Lisboa e à Guarda e até já com a minha alegria.

Por vezes penso porque me ouvirá a nossa Gracita?

Quando a minha Rosarito me veio dizer que a Graça tinha deixado o mundo, eu disse: - Uma santa voou para o Céu...

 Esmeralda Neves - Figueira da Foz

 

TIA GRAÇA

Sou ainda criança da Escola Primária, mas nunca mais te esqueço, nem os beijinhos e os carrinhos que me deste.

  Fazes-me falta para as nossas brincadeiras, e ver-te com a Catarina " às cavalitas".

Sabes, tia, se eu pudesse mandava prender os doutores, que se fizerem pequenos como eu e brincaram aos médicos contigo.

        Penas e beijos do Paulinho

MINHA SAUDOSA IRMÃ

Já lá vão cerca de 24 anos! Fiquei contente quando vieram para casa duas meninas para eu brincar.

Crescemos juntos, passeamos e estudámos juntos. A nossa infância foi alegre e risonha. Aos 20 anos e com muita pena separámo-nos por que a sorte me deparou uma nova vida,- o casamento.

Sei, no entanto, que a tua amizada fraterna por mim continuou até ao dia que te deixaram morrer de modo absurdo e estranho, na Clínica, onde nunca devias ter entrado.

Quando estudante, ainda sonhei ser médico. Mas, para a prática desta actividade, seria necessário possuir uma vocação especial, quase divina. Isto é, dedicarmo-nos de alma e coração aos pacientes, que se entregam confiantes nas mãos de especialistas, por vezes com pouca humanidade.

Sabemos que eles não são Deuses e podem errar. Mas, um erro ou descuido num doente, pode vir a traumatizar muitas pessoas para o resto da vida! E eles nunca confessam as suas falhas e encobrem-se muito.

O exercício da carreira médica é efectivamente lindo e missão elevada, mas de responsabilidade tremenda.

Gracita! Tudo correu mal, apesar dos médicos não terem a coragem de o afirmar durante o tempo em que estiveste em sofrimento. Numa Casa de Saúde onde tudo se paga por bom preço, devia haver mais carinho, zelo e atenção. Posso comprovar que, a assistência médica ali foi deficiente. Na tarde de Domingo, dia 11 de Novembro, que ali passei, não vi um único médico à tua cabeceira! Estavas, sim, rodeada de muitos amigos a sofrerem contigo e a quererem-te valer, sem nada poderem fazer...

Os técnicos que efectuaram o serviço imperfeito, como se viu, estariam descansados em casa com as suas famílias, ou em passeios de fim de semana...

Que Deus lhes faça justiça, uma vez que por cá ela se manifesta defeituosa.

Gracita, admirei sempre a tua maneira de ser, simples, afável e honesta. Não seríamos merecedores de termos connosco uma santa, como te chamavam em Celas.

Como não hei-de lembrar-te, se eras meiga para todos e verdadeiramente carinhosa para com os meus filhos que sempre estimaste com muita ternura, o Paulo e a Catarina?!

Queira Deus que a nossa Catarina te herdasse as virtudes sublimes, com que perfumaste a terra, e me faz sentir orgulho de teres sido minha querida e boa irmã.

                Com saudade profunda do "Nando".

A GRAÇA MARIA NA NOSSA LEMBRANÇA

 

A jovem Graça Maria da Cunha Sanches era sócia nº 684 da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis.

Elemento sempre pronto a colaborar, dentro e fora do concelho, em todas as actividades recreativas e de angariação de fundos Que esta Associação Humanitária levou a efeito, distinguiu-se muito especialmente na organização do Cortejo de Oferendas do bairro do Pé Salgado - em Setembro de 1984, com a sua graça, entusiasmo, contribuindo assim para o brilho e rendimento que aquele bairro apresentou.

Com indelével saudade e homenagem singela de todos os órgãos desta Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis

Góis, 21 de Junho de 1985

             O Presidente da Associação

         Emanuel Enéscio de Almeida Gama

        

RECORDAÇÕES DA TUA INFÂNCIA

 

Eras tu pequenina, andei contigo ao colo e ensinei-te a dar os primeiros passos. Não me esquece ver nos teus cabelos aqueles lindos laços que te davam muita graça. Sempre gostei de ti e da tua mana Célia.

Comigo brincavas tantas vezes, e as nossas alegrias vieram dar em muitas tristezas. Sempre alegre e sorridente na rua e na casa dos  teus pais, eras para mim, Gracita, uma flor de um lindo jardim que eu jamais esquecerei. Ver-te crescer graciosa e meiga a alegria aumentou.

Gracita, para o "tio" António como tu me chamavas familiarmente, tudo não acabou.Sei que foste para o Céu e no Céu estás viva,

Que Deus te tenha a Seu lado na eterna vida como mereces.

       Com saudade do ex-empregado

                     António Cristõvão Moura - Palmela

                                  

GRAÇA

Foste um fruto querido, de duas células de amor.

Um dia teus pais sorriram por te ver nascer.

Tu foste amadurecendo

E trazias contigo a alegria de viver.

O teu destino foi cruel. Mas porque?

Nascer para viver, viver para sofrer e sofrer para partir!

Tu partiste, mas ficaste Amiga para sempre.

Um vazio ficou e o teu sorriso ainda vagueia na nossa mente.

 

Com muita saudade da amiga: Isabel Rosa - Góis

GRAÇA MARIA

Mártir, enferma, de olhos lacrimosos,

A vida que se extingue lentamente,

Só contas por minutos dolorosos,

A Aurora do teu Sol já no poente.

 

Plena de viço e amor de juventude,

Para curar o braço, aconselhada,

Entraste numa "Casa de Saúde",

Ficando para sempre inaminada...

 

Fecharam-se as mãoszinhas dadivosas,

Não se abrem mais os lábios a falar,

Rondava perto a morte, murcham rosas,

Teus olhos eram só para chorar.

 

São três meses de dor e de martírio,

Acompanham-te um povo à derradeira

Morada. Dão-te cravos, branco lírio,

Que aguardavas a flor de laranjeira...

 

Aceita humilde preito de saudade,

De quem, triste, recorda horas passadas.

E que sejam na tua Eternidade

Rosas belas as lágrimas choradas!

 

Da prima e amiga - Maria Teresa Tavares Barata - Góis- Trofa do Vouga -Àgueda.

                           

HÁ MESES PERDI UM POUCO DE MIM

 

Há meses seguia devagar pelas ruas da incerteza,

Mas esperançosa.

Há meses corria abraçada à vida na esperança de te poder salvar...

Há meses tremia de pavor, ao ver que os teus sonhos estavam

a ser desfeitos.

Há meses na incerteza soube da amarga ccrteza que me esperava...

Há meses, há pouco tempo Perdi-te! Perdi um pouco de mim...

Perdi o sentido verdadeiro do meu viver...

Perdi alguém que me amava e que eu amava sem me aperceber.

Há meses perdi o amor de uma irmã gémea para sempre...

Com sentida veneração da

 Maio de 1985                       tua Célia

                       

A MORTE É ESPERANÇA

A Gracita não chegou a sofrer as desventuras do tempo, da velhice.

Não chegou a sofrer a dor de perder um filho, nós, principalmente seus pais e parentes mais próximos, que com ela mais conviveram, e que ficaram despojados da sua presença, da sua ternura, da beleza do seu espírito.

Ela passou a outro estágio de vida que nós não sabemos como será,mas que deve ser mais bonito e menos efémero. E atingiu esse estágio, sem sofrer as mazelas da vida,especialmente as da velhice.

Mesmo quando a vida é um "mar de rosas" não existe antídoto para a velhice. Há contudo um componente melancólico que nos acompanha e nos machuca. É que a gente não morre duma vez, a gente vai morrendo na medida em que tudo aquilo de que gostamos, nos vai abandonando, até deixar-nos, num vazio repleto de saudades. A morte eu nunca a temi porque até para ela tem um jeito - existe a esperança- mas qual a esperança para a velhice?

Quando era apenas um garoto, ouvi a minha avó dizer que a velhice era triste e não podia entendê-la. Como eu poderia?

 

Recordações de Bernardino H. Adão - Belém - Brasil

8 de Maio de 1985

 

Relativamente à interessante mensagem do nosso amigo econterrâneo Bernardino Adão, ocorre-me contar duas frases que ouvi muitas vezes à minha avó paterna: - "Quem me dera ser da vossa idade e não conhecer mais mundo".

Isto ainda quando os velhinhos recebiam mais consolo dos seus familiares e viviam em comunhão de mesa acarinhados pelos seus filhos e netos e não eram arrumados em Lares da Terceira Idade. 

 

Clarisse Barata Sanches - Góis

MÁRTIR E JOVEM GRACITA    

 

Oito de Fevereiro, um triste dia,

A alma da Gracita em mocidade,

Deixava este mundo de maldade

E p'ra mansão eterna ela partia.

 

Na sua torturada alma havia

Algo de singeleza e santidade.

Com o dom nobre da sublimidade,

Deus a quis para Sua companhia.

 

Graça, o teu sofrimento foi atroz...

Na Clínica deixaram-te inconsciente...

Gemias e choravas, sem ter voz.

 

Num funeral grandioso, realmente

O último adeus tocou a todos nós...

Por que há pranto no olhar de muita gente.

Gois, 85 _ Rodrigues Dias  

                                                                                             

GRACITA

Foi num triste dia 10 de Novembro a última vez que te vi. Quem diria? Tinhas as faces rosadinhas e uma lágrima que eu recordo com muito amor e saudade

Gracita era o teu nome/ Esse sempre ele será/ Também a nosa Saudade/Nunca mais acabará.

Se como penso estás com Deus, pede por nós.

A amiga que sempre te recorda com saudade.

Tila Barata - Góis

 

GRACINHA QUERIDA

 

Escuta o eco amigo dos teus paizinhos, familiares e amigos, aquilo que eles sentem, mas não te conseguem dizer. Digo-te eu que sou tua amiga. Maria Votória:

 

Olhando para o teu rosto

                      E ao calor da tua mão,

L embramos eternamente

                                  O teu meigo coração.

L evámos-te para a Clínica

                                  P'ra teu bracinho curar,

Mas o destino cruel      

                             Tua vida veio roubar.

O nosso amor e carinho 

                               Rodeou-te a todo o momento

Ninguém te pôde tirar 

                             O teu grande sofrimento

O sorriso dos teus lábios

                             A dura morte levou

Teus olhos ficam fechados

                             E o teu coração parou.

Tua alma descance em paz

                             Junto a Deus na Eternidade

Que no nosso coração

                              Fica bem viva a Saudade!

Seguimos-te com amor

                              P'ra aliviar teu sofrer

Mais foi grande a nossa dor

                              Por termos de te perder.

As flores do teu túmulo

                              Nunca mais irão secar,

São pranto dos nossos olhos

                              Que na vida as vão regar!

 

Maria Vitória Fernandes Nogueira/ Treixedo - Santa Comba Dão

 

Nota: - Esta jovem, nossa grande amiga, que escreve com a boca e vive sem braços e sem pernas, acompanhou-nos na dor, com o conforto da Cruz que abraça confiante em Jesus e Maria.

                                  

GRACITA "PIRICAS"

 

Todas as pessoas diziam que tu eras minha prima. Mas para mim tu tinhas outro valor, eras a irmã mais velha que eu tanto queria e de quem tanto gostava!

Em casa junto de ti e da tua irmã Célia, e por isso custou-me e custa-me imenso a tua partida.

 Fazem-me falta os teus passos apressados na minha escada e a tua voz a perguntar: "O Cocas está?"

Tu eras o que os jovem precisavam de ser: alegre, responsável, verdadeira, honesta, carinhosa etc.

 Jamais poderei esquecer as últimas palavras que tu me disseste: - "Cocas, eu vou para Coimbra, mas tu passa pela Padaria e leva a tua arrufada, que eu já disse à Milu. E daqui a uma semana quando eu vier quem te as dá, sou eu de novo".

Tu jamais me poderás dar-mas, mas no meu coração tu vais ficar gravada como a minha irmã de quem eu tanto gostava.

 

Como profunda Saudade do primo

Carlos Manuel Fernandes Sanches "Cocas" - Góis

                                         

DEUS TE ABENÇÔE, GRAÇA

Deus levou.te, Graça. Porquê?

Só Ele o sabe... com certeza eras-lhe precisa, mas podes estar certa que permanecerás sempre no nosso pensamento e nos nossos corações.

Essa tua maneira de ser... Esse teu sorriso simples... Enfim, podemos dizer que nos será muito difícil esquecer, "A Padeirinha"como eu te costumava chamar quando entravas a porta do nosso estabelecimento, ou sempre que íamos adquirir pão fresco ao teu posto de venda.

Esse desastre... Não podemos pensar nele. Mas recordamos com angústia os três meses que estiveste naquela inconsciência. E nós sempre na esperança que te viesses a salvar daquela morte inesperada e brutal, até que chegou a altura e nos disseram: Morreu a Gracita Sanches.E a nossa vila ficou mais pobre. Acredita que tentámos fazer algo por ti, com muita Fé, e na esperança de que a tua vida ia continuar. Porém, um dia depois de uma longa viagem e te vi no hospital, fiquei confuso; certamente porque a doença minava e grande era o teu sofrimento. O destino bateu à porta para a grande chamada a que ninguém pode deixar de responder.

Enquanto viveste as tuas boas qualidades fizeram de ti uma pessoa querida e procurada. Graça era uma jovem na flor da sua juventude, com os seus alegres 23 anos, sempre com aquele sorriso natural, que hoje já não temos por força do destino.

Não poderás ler esta homenagem. Se pudesses verias como te queríamos. A nossa Amizade era sincera podes crer. E por isso te chamámos sempre com o nosso jeito de brincar: "A Padeirinha Sorridente".

Todos te lembramos com saudades, porque sentimos mais pesada a solidão dos nossos jovens e a dor dos teus familiares.

Que Deus te abençôe e te recompense com um lugar a SEU lado.

Dos Amigos:

Armindo Neves - Isabel Neves - Tânia Isabel - Góis

                                                                 

A VIRGEM ESCOLHEU-A

Associando-me à dor incomensurável da família Barata Sanches, de Góis, pela perda duma filha, em plena mocidade, dedico-lhe este poema escrito de olhos rasos de pranto.

 

Que triste, que infinita dor

Caiu na tranquilidade daquele lar.

Perder a rosa a florir de Amor

Que nem em pleno conseguiu desabrochar! -

 

Nos cravos que cobrem o seu corpo em flor

E viram a Gracinha a sonhar e sorrir,

Perdura o perfume aliciante de amor

E nos familiares a dor da chaga a abrir! -

 

Sair de casa com a esperança a vibrar

De vir curada passados poucos dias,

E o seu ninho de pureza povoar

No chilrear alegre, de alegres cotovias! -

 

Mas a Virgem escolheu-a para Si

Para a livrar de tristes desenganos.

Então p'rá Virgem a Gracinha sorri

Na mocidade em flor na flor dos anos.

 

Andorinha, Oliveira do Hospital, Maio de 1985

Maria Salete Norte Borges

                                                                   

A Gracita não morreu! Apenas partiu e no Paraíso Celeste ela continua a viver! Se ela pudesse falar, nos diria: "Paizinhos adorados, queridos tios, manos, avós, primos e amigos, sei que muito sofreram, mas para mim o dia que parti, foi o mais lindo que vivi!"

 

Maria Vitória F. Nogueira - Treixedo - Santa-Comba-Dão                            

 

                                                              

 

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